Há-de crescer no teu peito a saudade,
O lívido Oceano vergado à tua sombra longínqua…
Que brinca nas minhas mãos,
Um dia regressará a mim a tua sonolência em forma de deserto,
As árvores do teu passado são hoje páginas argamassadas de poesia,
Livros dispersos sobre o mar,
Escondo-me de ti,
Tenho medo que digas que envelheci…
E que o rio deixou de respirar,
Há-de crescer no teu peito o feitiço da madrugada,
As correntes que me prenderão aos socalcos inanimados…
A máscara espelhada nos lírios da insónia,
Fragrância perceptível nas andanças tuas pernas subindo o Chiado…
E, eu sentado na penumbra disfarçado de sem-abrigo…
Cuidado,
Stop,
Amanhã aparecerás em frente ao espelho,
Triste,
Tão triste meu amor…
Pertencer a estes livros estacionados na berma da morte.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 17 de Julho de 2017