Dizem que sou o homem invisível,
Sentado numa mesa invisível,
Desenhando na sombra quatro cadeiras invisíveis…
Estou numa esplanada invisível,
Num bar “Mercado” … também ele… invisível,
Solto-me das amarras de vento,
Liberto-me das searas perpendiculares ao quadrado da hipotenusa…
Brinco com um velho copo de uísque,
E o invisível homem cresce na praia da areia branca,
Está noite, meu amor,
Tenho nas mãos os três livros invisíveis que me ofereceste pelo Natal…
E sinto que todos os Natais são invisíveis…
Tenho saudades do meu pai,
Abraço a minha mãe durante a tempestade, somos fortes, e vamos resistir a este caos invisível…
Sabes, meu amor…
Nunca poderás beijar este homem invisível,
Filho das cavernas,
Homem dos barcos de papel navegando no Oceanos invisível da madrugada risível,
Agacho-me, sento-me no teu colo, meu amor, e tenho medo dos furacões com olhos de serpente, e tenho medo de perder-te neste bar invisível.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 26 de Agosto de 2017