Neste porto onde me encontro fundeado pareço um pergaminho desgovernado,
As palavras fugindo para o Cais dos Afogados
Como se houvesse um silêncio em cada palavra escrita,
Deixei de pertencer ao meu corpo,
Deixei de ter corpo,
Para alimentar o desassossego da solidão,
Neste porto
Um infeliz marinheiro sem Pátria,
Em busca da sua embarcação…
Fundeada nos meus braços,
Carrego nos ombros a morte,
O infeliz destino de ser menino,
Carrego nos ombros a forca
Dos telhados de vidro…
E o triste destino.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
domingo, 20 de Dezembro de 2015