Suspensa nos teus lábios, a fotografia do amanhecer.
Chove no meu corpo,
Piso o deserto da saudade,
Enquanto a serpente do teu cabelo rasteja no meu olhar,
É noite, meu amor.
Suspensa nos teus lábios, a inocência da infância,
As correntes marítimas dos oceanos embriagados,
Vai,
Não regresses mais, tempestade oncológica das tardes perdidas…
Até que o vento te leve,
Para longe,
Em pequenas lâminas de aço,
Pobre.
Rico.
Sem-abrigo, é tudo o que eu sou…
Meia dúzia de ovos, um café e uma torrada,
Ao final da tarde.
Mendigo.
Perigo.
Suspensa, em ti, as palavras minhas,
Desajeitadas,
Sem nexo,
O beijo da serpente.
Abro a janela da paixão,
Finalmente há amanhecer,
Porque a tua fotografia,
Pertence aos teus lábios.
Estou alegre.
Apaixonado pelos socalcos da geada…
Mendigo.
Perigo.
Aventuras, telegramas sem remetente…
Nos braços,
O ausente,
Da morte,
Que há-de regressar ao teu peito.
A cidade, toda a cidade arde,
Nos teus seios,
O jardim dos gladíolos…
Sem nexo.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
10/04/2019