O peso do corpo
Sobre as pálpebras do destino,
O menino dançando nos braços do abismo,
Esperando o regresso dos soníferos poemas de amor,
Uma canção em desalinho,
Distante deste corpo
Sobre as pálpebras do destino,
O campónio silêncio,
A despedida embainhada nas sílabas do sofrimento,
As vozes dos outros
Acabrunhadas,
Tristes
E cansadas da despedida,
Como a morte do vento,
Sinto-me uma louca locomotiva
Dançando os socalcos do Douro,
Respirando o xisto das palavras
Engasgadas nos murmuráveis anéis de prata…
Sofro tanto, meu amor!
As insígnias soberbas lentidão
Rodopiando os círculos da saudade,
O peso do corpo
Arrepiado nas amendoeiras em flor,
Desperto,
O amor,
A sinfonia da loucura aprisionada no texto do escritor,
O mar,
O meu mar suicidado nas lâminas do medo,
Sem ter o juízo,
Sem ter a aventura
Dos segredos,
O peso do corpo,
Este,
Meu…
Escorçado das insignificantes marés de areia…
Francisco Luís Fontinha
domingo, 7 de Fevereiro de 2016