Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Ele suicidou-se nas palavras,

transportava no peito uma ardósia de silêncio,

caminhava sobre o inventado mar das terras assustadas,

e acreditava nas palavras...

tinha um saco de pano onde tudo guardava,

cartas,

rosas embalsamadas...

e livros amachucados,

trazia na pistola uma bala de prata,

um coração de vidro...

e um beijo de lata,

apontou-a à caneta de tinta permanente,

e...

e suicidou-se nas palavras,

lá ficou ele entranhado nas terras assustadas,

como um cão raivoso,

como um pássaro sem asas,

o amor do poeta suicidado vestia-se de papel,

trazia nos lábios um poema amaldiçoado,

com palavras assassinas...

descia a montanha,

sentava-se junto à ribeira,

e na algibeira quase sempre uma caneta apontada,

a pistola com corpo de mulher,

nua, percebia-se na areia as curvas lunares,

e nuvens de insónia...

ele suicidou-se nas palavras,

quando a tarde ainda brincava nas terras assassinas.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 31 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:16

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