Há um olhar suspenso nas cerejas do amanhecer,
não existem em mim palavras para o descrever, desenhar…
observar como se ele fosse o silêncio do luar,
mas esse terno olhar... existe, tem um corpo, tem uma alma… e tem asas de voar,
sinto-o todas as manhãs, todas as noites quando habitadas pela insónia,
ele grita pela solidão, e ela, e ela aparece-me vestida de branco,
sei que a loucura não só pertence aos humanos,
conheço árvores loucas, pedras ainda mais loucas, e flores… tão loucas como eu…
sinceramente, este olhar, o olhar que está suspenso nas cerejas do amanhecer…, não,
nunca me pertencerá,
talvez…
talvez seja a ténue luz do desejo, talvez tenha um nome, um apelido,
Um beijo para me presentear,
Talvez,
gritar por ele,
gritarei, gritarei sem o saber,
e talvez, e talvez o venha a desejar…
o querer,
Há um olhar que pertence aos sonhos de sonhar,
um círculo, um quadrado… um triângulo no rosto da música mais bela da floresta…
talvez,
talvez esse olhar, o olhar suspenso nas cerejas do amanhecer…
me diga,
me diga o que fazer.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 14 de Julho de 2014