Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Out 14

Os teus lábios são poesia

que os meus frágeis dedos acariciam...

são uma ilha

sem nome

deserta

com cabanas de luz,

os teus lábios são geometria

geometria cansada

riscos

traços longitudinais

… e verticais

que não beijam mais,

 

Os teus lábios não pensam

sofrem

ou não sofrem...

os teus lábios que mastigam as minhas palavras

quando uma caravela desaparece no teu olhar

e sorri... lá longe...

os teus lábios que se perdem nas escadas do amanhecer

os teus lábios que brincam no silêncio e não sabem escrever

… os teus lábios

madrugadas em papel

que o meu peito absorve

que o meu peito... transforma em cinza,

 

E voam

voam como insónias prisioneiras de um Oceano de estrelas

e voam

os teus lábios acabrunhados nos lânguidos lençóis de seda...

como pássaros sem penugem...

como espingardas sem balas,

os teus lábios que matam

matam palavras...

matam... matam cidades inteiras

os teus lábios são telegramas fantasma

sem endereço

sem medo da noite...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Quinta-feira, 23 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:55

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