(desenho de Francisco Luís Fontinha)
Sinto a voz dos teus medos
Entranhada no meu peito rochoso,
Pareço o mar
Cansado de sonhar,
E levo nos ombros os barcos do entardecer,
Quando me sinto triste, tão triste de não escrever,
Tão triste de não te amar…
Restam-me as tuas mãos invisíveis no meu rosto,
Em lágrimas,
Entre as sombras das flores desenhadas
No teu corpo negro que apenas consola a solidão,
Sou um homem esculpido no coração da noite,
Não tenho futuro,
Não tenho a ambição de dormir sobre as tuas coxas abraçadas ao vento,
Mas quero tocar no luar,
Atravessar a ponte sobre a cidade do teu quarto,
Onde habitas, como uma andorinha sem sítio para poisar,
Rochoso,
Deambulas na minha escuridão,
Sofres, e amas… todas as pedras da calçada,
Estátua,
Canção entre poeira e árvores caducas,
Em lágrimas,
“Entre as sombras das flores desenhadas
No teu corpo negro que apenas consola a solidão”,
Descalça, cansada do meu olhar,
Não tenho tempo para sofrer,
Nem chorar…
Sinto a voz dos teus medos
Entranhada no meu peito rochoso,
Espero o acordar do amanhecer,
Sentado em frente ao espelho…
Não vens,
Sei que nunca mais regressarás aos meus braços,
Como este poema rasgado
E lançado no abismo da paixão…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 14 de Agosto de 2015