Que te despeças de mim como se eu fosse um louco
Apavorado no deserto
Não tenhas pena do meu corpo
Entre esqueletos e pedacinhos de fumo…
Porque por pouco
Partias sem dizer adeus
Ao rio
Ao meu destino
Nas tenhas pena deste menino
Que escreve esquecendo os teus lábios
Doces como a planície
E amargos como a madrugada
Sem horário para saborear os teus abraços
Que te despeças de mim
Para sempre
Até sempre
Neste labirinto de carcaças
E abelhas
Na floresta adensada
Sem perceber a paixão das palavras amaldiçoadas
Sem perceber a canção da alvorada
Que te despeças de mim como se eu fosse um louco
Das pedras amarelas
Na tela da vida desgraçada
Entre xisto e cancelas…
Francisco Luís Fontinha
domingo, 10 de Julho de 2016