Não sei a cor dos teus olhos
Meu amor
Simplifico-me em vãs palavras
Para
Definir o silêncio da tua alma
Ignorar as canções de amor
Porque lá fora
No quintal
Percebes
Meu amor?
O fugitivo menino
Em calões
Puxando um triciclo de sombra
Na cabeça tinha os sonhos
Tantos
Meu amor
O amor enlouquece as pessoas
Enlouquece-te
Quando
À noite
Somos apenas dois pontos de luz
Sós
Dois
Apenas
Meu amor
O corpo manchado de sangue
O livro ensonado
Meu amor
Sós
Dois
Eu e
Tu
Rectas, círculos e matrizes compostas
Diferencias
Meu amor
Diferencias de esperma
Voando num quarto de hotel
Lisboa á uma prostitura
Bela
Tão
Bela
Meu
Amor
Tão bela
Meu amor
Amor
Rasurados cansaços
Quando abrias os braços
Determinavas a raiz quadrada do desejo
E
Nada
Meu amor
Um conjunto vazio
Só
Sós
E
Madrugadas nos teus braços
Janelas de luz
Entrando quarto adentro
O estremunhar da ausência
Os poemas declamados
Pelos infelizes esqueletos de prata
Salgada
A tua boca
Imaginada
Meu amor
Madrugada
Fim
Quatro versos
Falta um
Rossio
Madrugada…
Francisco Luís Fontinha – Açijó
quarta-feira, 8 de Abril de 2015