Teus lábios são amêndoas cansadas nos socalcos do douro,
Dentro de mim habita o cansaço da solidão,
Descendo a calçada,
Perpendicular aos penhascos doirados,
Sobre as minhas pálpebras um camião em transe, molhado pelo cacimbo,
Treme-me a mão que afaga o teu rosto,
Escrevo nas tuas lágrimas de papel amarrotado,
Doente,
Cansado.
Sofro, por ti, sabendo que existe no teu peito a injustiça,
Como todos os livros que leio,
Sofro, por ti, sabendo que em breve a geada te levará para o infinito adeus…
E eu, sem medo de te perder.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 28/10/2018