Tenho no corpo
o sentido proibido do silêncio
os ossos choram todas as madrugadas
das lágrimas
as palavras
e nas mãos o feitiço do amanhecer
querer
não quero
ser
sem o saber
a leveza insignificante dos meus braços
suspensos no sorriso do luar
não acredito
acreditar
nas nefastas sentinelas da noite
o amor camuflado
caminhando no capim
as pálpebras cinzentas
misturadas nos cigarros embriagados
que só o fumo consegue desenhar
no triste pavimento da sanzala
oiço a sombra da paixão
voando sobre os coqueiros
o papel colorido
inventando poemas
nas nuvens cortinas do meu aposento
os livros
os livros são como homens em cio
cansados
cansados das sílabas em flor
e do rio
onde adormece a ponte do desejo
não desejando
desejar
não desejando
desejar o perfume do mar…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 27 de Março de 2015