Perdido neste sótão da saudade
Misturado nos sonhos que fervilham nas palavras inventadas
Perdido neste cubículo sonolento
Das catacumbas madrugadas
Abraçado ao vento
Sem lamento
Quando lá fora há um rio em lágrimas
Que me procura
Com ternura
E esquecendo a vaidade
Perdido neste inferno sem morada
Este sótão… este sótão que se esconde na alvorada,
Este sótão cansado
Como um esqueleto de húmus invisível na tempestade
Perdido, eu, nesse teu coração de migalhas
Sofrendo porque vivendo sofrendo
Não sei viver
Sofrendo porque vivendo sofrendo
Não sei amar
Escrever
Desenhar
Ser o mar
Dançando ao pôr-do-sol
Sem perceber que estou a sonhar…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 21 de Outubro de 2015