Se eu pudesse esconder-me
Na sombra de um embondeiro,
Abraçar-me às suas mãos
E ficar quietinho até amanhecer,
Sentar-me nas suas raízes
E fumar o meu cachimbo em desespero…
E com o fumo fabricar meninos
E dos meninos, eu olhava sorrisos
Em brincadeiras de crianças
À espera do cair da noite.
Se eu pudesse esconder-me
Na sombra de um embondeiro,
E esperar o cair da chuva…
E olhar o céu em liberdade.
Se eu pudesse sentar-me numa pedra
À sombra de um embondeiro
E à minha volta o cheiro da tristeza
Ia embora,
E o mar vinha até mim.
E o mar trazia-me os sonhos de ontem
Porque hoje, hoje perdi os sonhos…
À sombra de um embondeiro.
Luís Fontinha
14 de Março de 2011