As páginas da manhã
E as pétalas da tarde
Nas rosas em cascata que descem a montanha
Das rosas em água que alimentam os jardins
A ribeira infinita quando o xisto em pedacinhos
Mergulha nos lábios da noite
Chamo-a em silêncios
E a noite deita-se no meu corpo
As estrelas agarram-se-me aos cabelos
E no vento perco as silabas das páginas
Da manhã
Da tarde
E nas pétalas acordam vogais
E fundem-se como gelo as palavras
A minha boca cessa na garganta ensonada
Quando na minha mão cresce o pôr-do-sol
E detrás do mar
Um barco com dor de dentes
Fraqueja nos pulmões cintilantes dos cigarros
E o barco afoga as páginas da manhã.