Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Dez 19

Sinto-te nesta casa fria e escura.

Neste casebre abandonado,

Sinto-te nas paredes cansadas desta espelunca,

Na sombra de um qualquer coitado; eu.

Sinto-te em perfeita brancura,

Das palavras que escrevo e pronuncio…

Que nunca,

Vou desenhar uma gaivota em cio.

 

Sinto-te como se fosses uma pomba.

Sinto-te como se fosses uma bomba,

Esquecida no mar,

Esquecida de rebentar.

 

Sinto-te e não te vejo.

Pareces invisível neste labirinto.

Pareço o Tejo.

Voando baixinho, quando não minto.

 

Sinto.

Sinto tudo isto enquanto não consigo adormecer.

Sinto a calçada chorar.

Sinto o meu corpo sofrer…

Com medo de morrer.

Com medo de acordar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

02/12/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:34

17
Jun 18

A arte do ser,

Quando acorda na noite o prazer,

De ler,

E chovem estrelas de adormecer…

No teu corpo de sofrer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 17 de Junho de 2018

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:26

26
Mai 14

acordar sobre o titânio amanhecer

pegar nas tuas mãos de andorinha selvagem

agarrar o mar

se possível

esconder o mar na tua algibeira de cartão

 

sentir os teus braços no rio que corre dentro de mim

acariciar todas as rosas das tuas pálpebras de marinheiro naufragado

descansar sobre o teu peito

beijar-te

simplesmente beijar-te... gaivota adormecer.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 26 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:06

07
Mai 11

Vejo no espelho excrementos

Que são a minha imagem reflectida na noite

Eu dançando no fundo da sanita

Engasgado pelo silêncio da casa de banho

 

Tento aos poucos emergir da merda

Mas a água do autoclismo puxa-me

Agarro-me às paredes

Escorrego… começa a afundar-se

 

A minha imagem dentro de uma conduta

Entro no vácuo

E caminho por um tubo de cento e dez milímetros de diâmetro

Percebo de estou debaixo da rua

 

Percebo que a rua cansada de mim

Farta da minha imagem de excremento

E eu feliz

E eu em direcção ao mar…

 

Vejo no espelho excrementos

Que são a minha imagem reflectida na noite

Eu dançando no fundo da sanita

Eu sufocado no desejo

 

Deitado de barriga ao ar

E tudo tinha peninha da minha imagem de excremento

Dançando na madrugada

E infelizmente eu não gaivota

 

Brincando dentro de uma conduta

Em direcção ao mar

À procura do amanhecer…

À espera de adormecer

 

E morrer.

 

 

Luís Fontinha

7 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:21

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