Tão longe entre montanhas e socalcos,
Cravado na terra cremada da saudade,
O comboio se perde nas curvas do amanhecer,
O apeadeiro da solidão agachado junto ao rio…
Sem conseguir adormecer,
Uma voz se perde na caminhada como se fosse apenas uma gaivota amedrontada…
Tão longe entre montanhas e socalcos,
Finge acordado,
Esperando os apitos aflitos do maquinista…
Até que o pôr-do-sol regressa,
E amanhã novo dia, nova noite, e a tarde sempre igual…
Nem vivalma para entreter o estômago do desassossego.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 19 de Julho de 2017