Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Abr 14

Enquanto te absorves na banheira do prazer e te libertas das caricias minhas palavras,

eu, um incipiente nocturno das fábulas sem habitação, construo o teu corpo com a espuma imaginaria que poisa nos teus seios de marfim,

de escultor nada tenho,

e imagino-te pintada no poema cansado da madrugada,

enquanto te banhas e te absorves..., nada em ti eu desejo, porque a ténue luz do silêncio te come, e alimentas o olhar das personagens solitárias da cidade do caos...

a paixão embainha-se no cortinado que nos separa, eu de um lado, e tu... tu... mergulhada, molhada, à espera das minhas mãos sem rumo, como a geada quando esconde o sorriso dos loucos pássaros,

e eu, eu um incipiente nocturno das fábulas sem habitação,

 

Apaixonado?

talvez... talvez não,

porque sou um acorrentado ao cais dos sofridos beijos em noites de tristeza,

eu pregado à insónia?

talvez... talvez não,

porque não estando apaixonado, porque não sendo o perfume dos teus cabelos..., sou, sou um delinquente invisível do amor,

sou uma gaivota que levita quando desapareces do meu olhar e te transformas em rio,

e sei que o teu corpo fundeado na banheira do prazer... é um barco, um barco com nome de mulher...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 2 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:08

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