E assim me suicido com a bala disparada de uma caneta,
Cada palavra, um sonho,
Cada sonho, um poema transfigurado pela manhã,
O sangue passeia-se sobre a secretária,
E sinto os cheiros da minha infância…
Francisco Luís Fontinha
22/07/18
E assim me suicido com a bala disparada de uma caneta,
Cada palavra, um sonho,
Cada sonho, um poema transfigurado pela manhã,
O sangue passeia-se sobre a secretária,
E sinto os cheiros da minha infância…
Francisco Luís Fontinha
22/07/18
Uma caneta cravada no peito,
Jorram palavras amargas das veias do poeta,
O homem suicidado deita-se no chão firme junto ao mar…
Uma árvore cintila no vento invisível da noite,
A morte,
O homem suicidado sorri das flores sobre o seu corpo,
A cada dia, uma amoreira dorme,
Sonha…
Inventa desenhos no silêncio da escuridão,
A viagem renasce ao nascer do Sol,
A aventura de galgar os rochedos da solidão,
Adormecidos os corpos nos fósforos da miséria…
O poema grita,
Chora…
Uma caneta cravada no peito do artista,
O fim aproxima-se enquanto lá fora uma criança brinca…
E chora,
O poeta grita…
E morre na tua mão.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 8 de Julho de 2017
uma caneta no silêncio da noite
vagueia na mão da liberdade
beija palavras
e abraça-se aos desenhos que só as paredes de um olhar
conseguem projectar
na madrugada de uma cidade…
não há covarde
ou idiota
… ditador
cabrão…
que com uma espingarda
ou canhão
consiga amedrontar
a palavra
disparada
pela caneta no silêncio da noite!
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2015
Ele suicidou-se nas palavras,
transportava no peito uma ardósia de silêncio,
caminhava sobre o inventado mar das terras assustadas,
e acreditava nas palavras...
tinha um saco de pano onde tudo guardava,
cartas,
rosas embalsamadas...
e livros amachucados,
trazia na pistola uma bala de prata,
um coração de vidro...
e um beijo de lata,
apontou-a à caneta de tinta permanente,
e...
e suicidou-se nas palavras,
lá ficou ele entranhado nas terras assustadas,
como um cão raivoso,
como um pássaro sem asas,
o amor do poeta suicidado vestia-se de papel,
trazia nos lábios um poema amaldiçoado,
com palavras assassinas...
descia a montanha,
sentava-se junto à ribeira,
e na algibeira quase sempre uma caneta apontada,
a pistola com corpo de mulher,
nua, percebia-se na areia as curvas lunares,
e nuvens de insónia...
ele suicidou-se nas palavras,
quando a tarde ainda brincava nas terras assassinas.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 31 de Agosto de 2014
foto de: A&M ART and Photos
Perdidamente só dentro das quatro colunas imaginárias de granito envergonhado,
habito no medo pelo medo, de... medo do medo, com medo, não sabendo que sou um transeunte desgovernado,
vivo e desabito a vida de ser sem o ser,
não percebo porque voam os corpos com asas de papel saudade,
inventando Oceanos de algodão nos lábios das meninas de trapos,
bonecas com sabor a infância e que trazem nos olhos a esperança...
esperança de... não terem esperança porque a esperança deixou de fumegar na lareira do desejo,
morreu o Amor e morreram todos os poemas de Amor,
morreram os homem da caneta de tinta permanente,
tenho uma na minha mão (de José António Tenente),
cansado de mim e das tuas palavras com sabor a argila negra,
permanente só, só... só dento do meu eu...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2014
Segunda-feira
a caneta pesada
terça-feira
a caneta cansada
quarta-feira
a caneta deitada
(excito-a e nada)
quinta-feira
a caneta começa a escrever
e na sexta-feira
sem eu saber
a caneta desmiolada
manda-me foder
(que saudades do tinteiro e do aparo)