Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Nov 14

Os corpos incandescentes vivem na caverna espelhada

o amor cessa

porque um olhar se acorrenta às arcadas nocturnas da insónia

os corpos transparentes voam

e não regressam mais...

 

O difícil é partir

sem regressar

esconder-se nos claustros invisíveis do amanhecer

deixar sobre a mesa-de-cabeceira um simples bilhete...

parto e nunca mais regressarei,

 

Regressar porquê?

se ninguém notará a minha ausência...!

o amor cessa

e das palavras regressarão os abismos de um Oceano habitado por cadáveres

e em cada cadáver uma flor na lapela...

 

Os corpos...

fogem das ruas inanimadas com odor a Primavera

o amor cessa

como cessaram todas as andorinhas

e todas as gaivotas que conheci...

 

A caverna espelhada transpira solidão e embriaguez alicerçada aos barcos de papel

o menino de calções desenha nas sombras do entardecer

corações e triângulos que um adulto qualquer vai fotografar

e mais tarde...

queimar na fogueira do desejo.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 2 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:00

18
Ago 13

foto de: A&M ART and Photos

 

A voz mais bela, talvez, profundamente triste, há uma janela com línguas de fogo, e a voz, adormece, como vida vestida de vida, a voz, ela, deitada sobre o corpo circular da paixão, ouvem-se de dentro da caverna, as outras vozes, as outras palavras disfarçadas de vozes, mergulhávamos nos corredores de acesso a elas, às vozes e às cavernas, choravas pela partida do presente, pelo teu futuro incerto, choravas com o medo, de partires e deixares... a caverna e a paixão, que de dentro da caverna, vivem, comem, fazem amor ao final do dia, e no entanto, há uma janela, uma janela de onde se ouve o silêncio do mar a bater contra os rochedos do desejo, fervilhas como água em ebulição, pegas na minha mão, oiço os teus dedos longos e poéticos, de onde

Há sons melódicos em perfeita paixão,

Amam-se eles, e elas, digamos que, há uma paixão sem nome entre os sons melódicos e as palavras poéticas, fazíamos amor quando acordava o final do dia, sentavas-te em frente ao piano, esticavas os dedos no meu pescoço... e recomeçavas onde tínhamos ficados na noite anterior,

Dirias que eu

És louco, Francisco!

Dirias que... o piano do meu corpo está perro, velho, enferrujado... e brevemente

Dirias que eu

És louco, Francisco!

No fundo do mar, deitado sobre a areia húmida das tuas coxas, dirias que eu... e brevemente voávamos como pássaros sobre as tangerinas que dormiam na nossa caverna,

Conta-me uma estória, Francisco!

(Amam-se eles, e elas, digamos que, há uma paixão sem nome entre os sons melódicos e as palavras poéticas, fazíamos amor quando acordava o final do dia, sentavas-te em frente ao piano, esticavas os dedos no meu pescoço... e recomeçavas onde tínhamos ficados na noite anterior,

Dirias que eu

És louco, Francisco!)

A de um piano enferrujado com a mais bela voz da caverna da paixão, um piano disfarçado de piano, com braços, pernas, cabeça, um esqueleto com duzentos e seis ossos, um velho como eu, vivendo que faz de conta viver, sinto-te mergulhada em mim, sinto-te dentro de mim, como quando as tuas mãos se entranham no teclado do meu corpo... e tocas-me, e ouvem-se as vozes, os sons, e todas as palavras que a paixão alimenta,

És..., és louco, és louco Francisco Luís!

A voz mais bela, talvez, profundamente triste, há uma janela com línguas de fogo, e a voz, adormece, como vida vestida de vida, a voz, ela, deitada sobre o corpo circular da paixão, ouvem-se de dentro da caverna, se me é permitido o fazer! Diz-me tu!

Que és louco, Francisco, que és simplesmente louco...

E não o sou, Francisco, e não o sou...

Porque és tão querida, porque és tão desejável e desejada, porque há uma janela em nós de onde podemos ouvir o mar, e os sons do meu corpo... quando entranhas os teus dedos nele, e tocas, e tocas... os mais belos solos de piano, o meu corpo, ele, vestido de piano...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 18 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:12

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