Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Abr 19

Um fio de luz,

Desce o teu corpo,

Tens na algibeira o livro da nova poesia,

Que um dia, vai aportar na tua mão.

Trazes nos lábios o sabor da cereja bravia,

Cansada de correr,

E um dia,

Junto ao mar,

Vai morrer.

Trazes nos cabelos a luz da madrugada,

Negra,

Sem perceber,

Que a paixão,

Um dia, que a paixão um dia vai adormecer.

Trazes na boca a loucura,

As tâmaras apaixonadas da Primavera,

Toco-te, e acaricio-te…

E da minha mão,

Brotam toneladas de palavras.

São rosas,

São gladíolos…

São jardins em construção…

Como vampiros.

 

Um fio de luz, no teu olhar.

 

Serve-me.

 

Inspira-me.

 

Enquanto desce a noite nos teus seios…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

27-04-2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:42

25
Nov 13

foto de: A&M ART and Photos

 

apetece-te recortar os sobejantes pedacinhos de tecidos que a vida nos deixou

insistes e desistes

hesitas

recomeças vagueando sobre a sala de jantar com a tesoura da solidão em riste

embrulha-la cuidadosamente nas sombras inquinadas dos desenhos sem tecto

e nas paredes vãs dos teus olhos de avelã...

simples teias de aranha esperando o sopro do teu sorriso

um pequeno movimento transatlântico descai e avança contra as âncoras do desejo

sinto-te mergulhar nas clandestinas veias dos cadáveres cerâmicos da desajeitada cozinha...

apetece-te recortar-me porque imaginas-me como um pedacinho de tecido

negro

com pálpebras de cereja

 

hesitas

insistes e desistes

recomeças vagueando nas estrelas cansaços dos divãs de xisto

desces socalcos

sobes penedos envenenados com os teus lábios de sabor adocicado...

voltas a descer e hesitas

insistes e desistes

acordas cedo quando ainda dormem todos os medos que a madrugada inventa

às vezes pareces um candeeiro à minha espera

no fundo das escadas

aproveitas o vão da insónia

para recordares os beijos molhados das húmidas noites de navegação interstelar...

 

vadio sinónimo de mim quando gritas o meu nome

apetece-te recortar-me como o fizeste aos sobejantes pedacinhos de tecidos que a vida nos deixou

hesitas

insistes e desistes

gritas

gritas

gemes como ravinas infestadas de ratazanas coloridas

um pelotão de fuzilamento vem direito a nós

tu... eu...

hesitamos

gritamos

fingimos que somos filhos do mar

 

… e morremos...

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 25 de Novembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

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