foto de: A&M ART and Photos
me irritam as palavras vagabundas dos teus lábios marginais
me irritam as tuas mãos em profunda pedra adormecida
como vaginais noites de geada
no centro da cidade
procuro o barco da saudade
procuro o livro do esquecimento
sou a Rainha das montanhas em sofrimento
sou... a tua gaivota moribunda das tempestades em teias silêncio
me irritam as lâmpadas dos teus cabelos
quando poisam no meu difícil peito de porcelana
como amarras de madeira
no cais das tormentas...
(me irritam as tuas bocas loucas das tardes em mergulhos flácidos
dos músculos embebidos em papeis de parede)
me irritam as palavras tuas minhas inconstantes migalhas de sémen
quando descem sobre nós os cortinados do tédio
me irritam as sílabas embriagadas
escorrendo nádegas adversas nos cobertores da inocência
me irritam as imagens sem imagens
as sombras
as viagens
me irritam... me irritam as cadeiras onde se sentas
e me observas
e te alimentas...
do meu corpo
um corpo mórbido com sabor a cadáver anónimo
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 16 de Novembro de 2013