(“Atualmente sou um inútil”, Abel in Claraboia – José Saramago)
Atualmente sou um inútil
Um pedaço de xisto
Nem sou chuva
E nunca conseguirei ser o vento…
Atualmente sou um inútil
Que ama loucamente o mar,
E nunca,
E nunca voltarei a abraçar o mar,
Atualmente sou um inútil
Que ninguém,
Porque sou um inútil…
Ninguém quer abraçar,
Para que servem as palavras que escrevo?
Os livros que leio?
Atualmente sou um inútil
Um pedaço de xisto
Nem sou chuva
E nunca conseguirei ser o vento…
E quando sonhava,
Queria voar,
E nunca voei,
Por ser um inútil…
Deixei
De sonhar.