Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

20
Jun 20

Não tenho pressa de caminhar.

Não tenho na mão a pedra filosofal.

Não. Não percebo este rio a chorar.

Quando o cansaço laminado da manhã, sofre, vomita as palavras de Inverno.

Não tenho nos livros as tuas mãos quando o amanhecer acorda,

Não sei quantas pedras, hoje, tenho para atirar à tua sombra.

Não tenho a madrugada para chorar.

Não tenho as lágrimas para desenhar,

No chão abandonado pelo silêncio.

Não tenho a noite para dormir.

Não tenho o dia para sorrir.

Não. Não sei se hoje é dia para correr,

Chorar,

Ou morrer.

Não tenho as letras do teu sorriso,

Quando o sol ilumina os candeeiros do sofrimento.

Não tenho as imagens do mar,

Salvado pelo amanhecer.

Não tenho as sandálias dos pequenos alicerces da cidade dos Deuses.

Não. Não tenho pressa de caminhar.

Não me digam que hoje posso subir à montanha da despedida.

Não o vou fazer.

Porque hoje,

Hoje não tenho tempo para morrer.

Hoje não é o tempo da partida.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

20/06/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:24

04
Fev 20

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Francisco Luís Fontinha – Alijó.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:48

29
Mar 19

Não posso, desisto.

Não posso, finjo, caminhar em tua direcção,

Descalço,

Não posso,

Fingir que te amo.

Se te amasse, amava-te,

Se te escreve, escrevia-te,

Mas, não, não posso,

Fingir,

Escrever,

Se pudesse, lia-te, todas as palavras começadas por A…

Não posso,

Fingir,

Que te lia todas as palavras começadas por A.

Amar.

Começar,

Caminhar,

Não posso.

Fingir.

Que sou o mar.

Lanço no poço da saudade o beijo desenhado,

Na alvorada,

Na eira,

O beijo embalsamado,

Fingido,

Doente,

Caminhando, caminhar,

O fogo do prazer,

Quando o teu corpo adormece,

Arde,

Tudo arde,

Mesmo o entardecer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

29/03/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:25

28
Jul 17

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Há dois anos, enquanto te despedias da vida, desenhei este quarto. Estava sentado ao teu lado, olhava-te e percebia que ainda respiravas…, hoje, não consigo perceber este desenho nem porque o fiz.

Apenas sentia o teu corpo prisioneiro como um rochedo ao mar… e algumas horas depois, viajaste em direcção ao luar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:16
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07
Mar 16

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:29

21
Jan 16

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Fontinha 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:45

08
Nov 15

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Fontinha - Novembro/2015
publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:41

23
Out 15

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 Fontinha - Outubro/2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:43

14
Out 15

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Fontinha – Outubro/2015

 

A estátua que habitava no teu peito

Esta sentada, hoje, numa cadeira sem jeito,

Brinca, hoje, num jardim amarrotado por mãos inanimadas,

Como são tristes todas as madrugadas

E todos os versos do poeta,

Como são tristes todas as manhãs embriagadas

À mesa com um qualquer pateta,

Um imbecil encurralado na noite

Esperando o acordar de um relógio sem alma,

Chora, acredita nas lágrimas do sofrimento,

Chora, e inventa o inferno

No corpo do vento…

 

A estátua… não se cansa de dançar

Sobre a tua pele grená…

Os lábios manchados de sangue,

Os braços entranhados na face de um inocente,

Chora, acredita na liberdade,

Chora, acredita na saudade

Dos ausentes corpos de esferovite,

Grita, grita contra o muro invisível da prisão,

Morre a verdade,

Morre o ditador em pedacinhos de cacimbo…

Rasga o convite

E fica esquecido no tédio limbo…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 14 de Outubro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:46

12
Out 15

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Fontinha – Outubro/2015

 

Ouvi-los… nunca,

Estes loucos pássaros envergonhados e tristes,

Estes homens sem fronteira

Galgando a sombra de outros homens,

Na fome, na miséria beleza

Quando o mar se aproxima, e mata, e eles fingem morrer,

Junto à ribeira,

Com o medo de tudo perder,

Eles, os pássaros, eles, os homens sem fronteira,

Agachados nos riachos envenenados pelo dinheiro,

Rastejando no capim outrora fértil de palavras…

E hoje, e hoje Oceanos de lágrimas laminadas.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 12 de Outubro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:05

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