Desisto
Cruzo os braços
E olho as mangueiras do quintal de Luanda
Desisto
E fecho os olhos
Hesito
E sinto dentro do meu corpo
A manhã degolada pelas mãos da solidão
Hesito
Fecho os olhos
Desisto
Da noite que vai acordar
Desisto
De acreditar que amanhã é outro dia
Hesito
E apenas a um palmo do precipício…
Hesito
Desisto
Da noite que vai acordar
Dos pássaros que comem o meu corpo pela madrugada
Hesito
Fecho os olhos
E uma gaivota carnívora
Come-me e sorri come-me e sorri come-me e sorri…