Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Dez 17

Todos os dias são horários perdidos,
Filhos ensonados
Nas lágrimas da madrugada,
Todos os dias são barcos esquecidos
No cais da alvorada,

Todos os dias são pássaros cansados.

Todos os dias são corpos embalsamados,
Corredores ensopados
De tristeza e azedume.

Todos os dias ardem. Todos os dias são lume
Que a lareira consome,
Todos os dias são fome,
Nas tardes de ciúme.

Todos os dias são morte,
Manhãs sem sorte,
Todos os dias são horários perdidos
Nas montanhas assassinas,
Todos os dias, jardins proibidos,
Em tardes meninas.



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 7 de Dezembro de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:12

06
Ago 17

Vai até à escuridão dos dias falidos,

Vai, corre enquanto a noite não regressa e te leve…

Vai até ao rio ver as gaivotas,

Os candeeiros devolutos abraçados aos barcos ancorados,

Vai, vai até à maré e finge que está tudo bem,

Está sol,

Tens as minhas palavras na mão…

Vai, vai até à revolta dos meninos que brincam na rua,

E nunca digas que estás triste,

E nunca digas que amanhã não estás cá…

Vai…

Vai e volta quando te apetecer regressar…

Mas nunca digas não.

Vai…

Vai e abraça-me,

Até que a saudade nos separe.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 6 de Agosto de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:10

24
Mai 17

Os dias passados

Esqueleticamente abraçados aos dias sofridos

Quando bem lá no alto das montanhas cansadas

Os dias argamassados aos dias coloridos…

 

Safados.

 

Os dias perdidos na esplanada do adeus

Quando sobre uma pobre mesa de sombra, um livro, voa nos dias premeditados

Por uma lâmina finíssima de luz…

Os dias entre dias,

Os dias encalhados nos petroleiros da fortuna…

Os dias revoltados

Com a forma circunflexa do sangue perfumado,

O dia apaixonado,

Ou coisa nenhuma…

Os dias as mãos e as mãos dos dias,

A forca dos dias desesperados

Numa árvore dispersa na alvorada,

Há dias assim,

Como hoje,

Dias de alecrim,

Dias de clarinete…

E assim,

Os dias dos relógios moribundos,

Meu Deus! Meu Deus, tantos mundos…

Com dias,

Sem dias,

Cem dias dispersados pelas tristes avenidas dos dias desalmados,

E eu, minha querida, por aqui… brincando com os teus dias…

Os dias sem melodia.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Maio de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:22

20
Jul 14

Aos dias ímpares, as horas que me são roubadas por uma mão sem nome,

as sílabas disparadas pela espingarda das sanzalas embalsamadas,

o meu corpo não cessa no púlpito do cansaço, ele evapora-se, ele... ele transforma-se em zinco lamaçal,

há uma criança inventada, uma criança perdida na saudade...

aos dias ímpares, as horas malvadas,

que alimentam a dor,

que... que engolem todos os amanheceres,

e do meu corpo, apenas o coração de pedra ficou adormecido na eira da poesia,

 

Aos dias ímpares, o triste calendário envergonhado,

a desassossegada fantasia de um texto alienado, quando arde na fogueira da tua pele,

uma cidade nos espera, uma cidade em papel...

 

Aos dias ímpares, as horas, os minutos, e os... e os milésimos de segundo,

alguns em liberdade, e outros... e outros acorrentados a um envelhecido veleiro,

hoje não há vento,

hoje... hoje apenas a límpida tarde de pano a soluçar sobre as árvores do triângulo equilátero,

é este o meu Mundo?

ter uma cidade sem candeeiros em desejo,

ser filho de um desenho que o tempo apagou numa longínqua parede,

e contento-me com todos os dias ímpares, as horas que me são roubadas...

 

E a tua mão... e a tua mão, um dia, terá um nome, idade, raça, sexo... religião,

 

Aos dias ímpares, a geometria na doçura da caligrafia,

um poema morto, um poema descendo a calçada em direcção ao infinito...

e o meu corpo não cessa no púlpito do cansaço...

 

E o poeta permanecerá eternamente nas sanzalas embalsamadas!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 19 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:27

25
Jun 12

Tenho dias de inverno

de inferno noite

tenho dias sem noite

e noites em dias

tenho horas com rios

e dias

noites dela em cio

tenho dias em dias

rio nas mãos do mar

dias de inverno

em inferno noite

e dias de dias às noites

 

tenho dias de inverno

de inferno noite

 

tenho dias à janela

outros dias

com a corda suspensa no mar

tenho dias de inferno

e noite de inverno

dias em dias dos dias de amar

 

e tenho dias com poesia

e dias que não consigo acordar

dias aos dias outros dias

dias sem trabalhar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:43

11
Ago 11

(para ti)

 

Os dias da vida

Em dias de sonhar

Nos dias da partida

Os dias sem mar,

 

Temos gaivotas voadoras

E silêncios de encantar,

 

Os dias da vida

E o comboio na despedida

Os dias dos carris entrelaçados

Em dias abraçados,

 

Temos gaivotas voadoras

E silêncios de encantar,

 

Os dias da vida

Em dias de sonhar

Em dias que me perco

Nos dias que me escondo debaixo do mar,

 

Temos gaivotas voadoras

E silêncios de encantar,

 

Não esquecendo…

Arroz de feijão e pão

Pataniscas com limão

E sonhos ao jantar,

 

Porque nos dias da vida

Há tardes sonhadoras

E noites de amar,

 

Os dias que vou vivendo

Nos dias que me faltam caminhar…

Dos dias abaixo do mar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:58

03
Ago 11

Tenho dias em que me apetece fugir

Dias que quero gritar

Tenho dias em que me apetece partir

Nos dias do fundo do mar

 

Tenho dias de prazer

Dias de chorar

E tenho dias em que me apetece morrer

Nos dias do fundo do mar

 

Tenho dias de sonhar

Dias de amar

E dias de embarcar

 

Tenho dias em que me apetece esconder

Dentro dos dias ao acordar

Tenho dias em que me apetece viver

Nos dias do fundo do mar

 

Gosto praticamente dos dias de amar

Dos dias em que quero viver

Nos dias do fundo do mar

Em dias de sonhar

Dias a escrever…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:12

07
Abr 11

Vinte e sete dias de inferno

Dois dias de alegria apressada

E um dia a descansar

Vinte e sete dias sem nada

Vinte e sete dias de inverno

Nesta vida desgraçada

 

Vinte e sete dias sem fumar

Vinte e sete dias deitado na calçada

Vinte e sete dias de inferno

E três noites de madrugada

 

Vinte e sete dias de inferno

Dois dias de alegria apressada

E um dia a descansar

 

Vinte e sete dias no interno

Dos três dias com mesada…

Nas três noites com luar.

 

 

FLRF

7 de Abril de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:11

Agosto 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
12
13
14
15

16
17
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO