Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

28
Mai 13

foto: A&M ART and Photos

 

Queria ser como tu não sorrido como eu

queria ser um veneno que habitasse no teu peito

um construtor de insónias

um transeunte faminto combinando encontros nas paragens do eléctrico

sem bilhete e despido e ausente deprimido,

 

Queria ter-te e ser como tu não sabendo que lá fora choram as garças

que amanhã é quarta-feira e as nuvens deixaram de ser em algodão

e as horas não são não

mais torrões de açúcar deitados na tua mão

queria ser como tu e não saber que existem noites em noites como noites...

 

Assim nuas despidas contínuas e semeadas entre planícies e almas desesperadas

como tu eu um esqueleto de vento saboreando pipocas

numa cadeira junto ao rio

sonhando não sonhando com frio em cio

como tu quando acordas e dás-te conta que eu nunca existi em ti,

 

Porque sou um banco simples de jardim

como tu em ripas do jejum anunciado

queria voar como voavam os teus cabelos no silêncio dos paquetes em movimento

como tu eu assim... deambulando na ponte para o amanhã não sabendo dizendo

como tu que as rosas têm espinhos de porcelana e lábios de andorinha,

 

Porque sou um camelo desorganizado

não como tu porque tu és sossego e plenitude prometida

palavras em degraus de escada

contra o corrimão assim como tu deitada

à espera que regresse a madrugada dos ilustres corredores da paixão...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:08

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