Embala-me o vento que vem de ti
A tempestade
E por um momento
Corro sobre as árvores prisioneiras
Que a madrugada me obriga a acordar
E na manhã vão despertar
O silêncio da lua
Visto o casaco da noite perpétua
E pulo o muro da solidão
Do outro lado do muro
A prisão
A paixão
O abismo
As rochas cortadas em pedacinhos
A rua
Que os meus braços beijam a neblina
E me embala o vento que vem de ti
A tempestade
O mar tão distante…
Tão ausente
Tão longe de ti eu
Sonâmbulo das lágrimas
Marinheiro que acaba de perder
O seu porto de abrigo
O meu veleiro encalhado
E no meu corpo as velas enroladas
No meu pescoço as cordas
Que me conduzirão até ao fundo dos teus olhos
É escuro…
A prisão
A paixão
O abismo
A tua mão que deixou de percorrer o meu rosto
Na tua mão que perdi os meus lábios
Oh madrugada em sofrimento
E o meu corpo em cinza
Eu sem esqueleto
Que dormia no teu sorriso
E me alimentava do teu olhar
Nas noites de insónia…
Embala-me o vento que vem de ti
A tempestade
Tenho frio
Na saudade
Estou só
E os meus olhos completamente cegos
Deixei de ver
Não oiço nada… nada
Ninguém
Apenas a tempestade
Que me embala o vento que vem de ti.
FLRF
2 de Abril de 2011
Alijó