Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Abr 11

Embala-me o vento que vem de ti

A tempestade

E por um momento

Corro sobre as árvores prisioneiras

Que a madrugada me obriga a acordar

E na manhã vão despertar

 

O silêncio da lua

Visto o casaco da noite perpétua

E pulo o muro da solidão

Do outro lado do muro

 

A prisão

A paixão

O abismo

As rochas cortadas em pedacinhos

A rua

Que os meus braços beijam a neblina

 

E me embala o vento que vem de ti

A tempestade

O mar tão distante…

Tão ausente

 

Tão longe de ti eu

Sonâmbulo das lágrimas

Marinheiro que acaba de perder

O seu porto de abrigo

 

O meu veleiro encalhado

E no meu corpo as velas enroladas

No meu pescoço as cordas

Que me conduzirão até ao fundo dos teus olhos

 

É escuro…

A prisão

A paixão

O abismo

 

A tua mão que deixou de percorrer o meu rosto

Na tua mão que perdi os meus lábios

Oh madrugada em sofrimento

E o meu corpo em cinza

Eu sem esqueleto

Que dormia no teu sorriso

E me alimentava do teu olhar

Nas noites de insónia…

 

Embala-me o vento que vem de ti

A tempestade

Tenho frio

Na saudade

 

Estou só

E os meus olhos completamente cegos

Deixei de ver

Não oiço nada… nada

Ninguém

Apenas a tempestade

 

Que me embala o vento que vem de ti.

 

 

 

FLRF

2 de Abril de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:35

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