Trazes de ti as chaves complexas da paixão
o vidro da madrugada nas árvores ou o amor
que submerso nas coxas do rio
o púbis equilátero do silêncio
na mão do espinho
à boca confusa da maçã
quando se desembaraça da gravidade
grave gravíssimo o planalto dos sonhos
e trazes de ti as chaves
da paixão e descem as gotinhas de desejo
na pele adensada de moluscos e fios de luz
quando da cidade choram as pontes
e todo o aço saudável
derrete na mão de deus
e dizes de ti em ti
os cansaços fictícios que os teus lábios desenham no leito dos amantes indefinidos
os ausentes
os oprimidos
os desgostosos dias de cimento
entre ventos e velas de mármore
em lápides
sem alimento
trazes de ti as chaves complexas da paixão
o vidro da madrugada nas árvores ou o amor
vem vêm vem ao destino marcado no xisto
vêm as águas preguiçosas do Outono
vêem-se águias e gaivotas e barcos
nas abelhas enferrujadas
vem vêm vem ao meu encontro
a tua língua sílaba doirada
em sol e da lua
à Primavera desejada...
E será que me ouves?
Francisco Luís Fontinha / 06-11-2012
(poema não revisto)