foto de: A&M ART and Photos
As suas siglas perfumadas subindo as escadas do desejo
abraçando as singelas sílabas abandonadas que espreitam a madrugada entre o cortinado e a alvorada
sinto o bater das pérolas negras que caminham corredor abaixo... e na paragem do eléctrico
junto à porta que dá acesso à biblioteca
os teus seios mergulhados na argila manhã de triste neblina
criança ainda
perfumada
a sigla de ti acompanha as outras siglas deles até que acorde o Pôr-do-Sol
que venha a noite e traga muitos amigos
feiticeiros e feiticeiras
janelas e abrigos
bandeiras... portas e luares sem Janeiro...
As suas siglas perfumadas subindo... coitadas as derreadas canções de Abril
(Ora aí está... que acorde então a madrugada, que se abram todas as janelas, e que o dia finja ser um belo domingo, sol, muito sol... e ao longe... ao longe a praia, os coqueiros...)
os silêncios de mim entranhados nas tuas mãos
sentia-te saltitar sobre as finas areias da Baía...
os barcos nossos lançavam-se nos teus seios... e sabia-te sentada sobre as mangueiras do amanhecer...
O fogo permanece na tua alma inconstante
o fogo alicerça-se nos teus olhos de sincelo... e sem o saberes uma flor quadriculada dança nas pálpebras húmidas da paixão
dormes sem mim porque o infinito acontece todas as noites depois dos dispersos horários se debruçarem no varandim com telhados de prata
a tua pele fervilha e arde
e o fogo em ti é como as palavras em mim
nada de especial
o papel simples e informal...
sem gravata
sem... sem as apaixonadas mulheres nas borboletas de veludo que a luz ilumina
quero gritar não consigo
consigo gatinhar sobre a geada Aurora e não o quero
quero... e não percebo porque morrem todas as siglas perfumadas subindo as escadas do desejo.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2014