Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

04
Mai 19

De todas as paisagens que visitei com prazer,

São os teus olhos a arder,

No meu rosto de sofrer.

 

São flores,

De todas as cores,

No meu jardim imaginário,

São flores,

São rumores…

Na cabeça do lampadário.

 

De todas as paisagens que visitei com prazer,

São palavras minhas no teu corpo de escrever,

São rosas a sorrir, são rosas a sofrer.

 

São gladíolos de papel,

Barcaça, batel…

De todas as paisagens que visitei,

São telas em pastel,

São o grito que pintei.

 

De todas as paisagens que visitei com prazer,

São livros para ler,

São amigos para conviver…

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

04/05/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:29

25
Mar 18

Podia ser o mar,

Suspenso no teu corpo amanhecer,

Na palavra escrita, o silêncio amar,

Que grita,

Após a partida da alvorada.

O poeta embrulhado no escrever,

Como uma amante,

Que das lágrimas de chorar…

Não consegue ver,

Nem sente,

O silêncio escurecer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 25 de Março de 2018

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:39

21
Jul 17

Este silêncio que me mata,

Este corpo de lata,

Que habita indecentemente na tua mão,

Este corpo camuflado pela tristeza,

Quando o meu olhar alcança tão altiva beleza,

Este corpo que pesa,

E não serve para nada,

Este corpo sofrido e filho da madrugada,

Quando as aventuras se desenham no amanhecer…

As tonturas,

Nas palavras de escrever,

Este corpo que estorva,

E trás consigo a solidão,

Trova…

Passeio sem destino na carruagem do sofrimento,

Este corpo sem alento,

Descendo pedras e calhaus desagradados…

Soldados,

Que abatem este corpo com dignidade…

Este corpo que pertence à cidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 21 de Julho de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:17

13
Dez 16

E se o tempo cessasse de crescer
Como cessam os sonhos em mim
O poço da escuridão quase a morrer
Num qualquer jardim
E se o tempo começasse a chorar
Como choram as minhas palavras
Quando não me apetece escrever
Certamente o poço da escuridão
Não cessava de sofrer…
As roldanas do coração
Empenadas e gastas de caminhar
Sobre a água de chover…
E se o tempo cessasse de crescer
Como cessaram as acácias de viver
O tempo é uma jangada à deriva nas pedras do ser
Um relógio cansado de bater
Horas
Minutos
Segundos…
De nada ter.

 

 

Francisco Luís Fontinha

13/12/16

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:47

15
Fev 16

As lágrimas envergonhadas

Do silêncio anoitecer

O cansaço da vida

Viver

Sem viver

Sentado nesta triste esplanada

Sem fotografia para o mar

Sem fotografia para o escurecer

Do silêncio anoitecer

O cansaço da vida

Viver…

Sem ser visto

Junto ao pôr-do-sol…

E escrever

Escrever no teu olhar

O poema do morrer

Aos poucos

Devagarinho

Como um passarinho ao acordar

Saltita na árvore dos sonhos

Brinca na eira dos desejos…

E as lágrimas envergonhadas

Prisioneiras nos invisíveis beijos.

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:44

28
Nov 15

Escrever-te

Sem saber que te escrevo

Nunca quis escrever-te…

Sabendo que o devo

Fazer

De vez em quando

Escrever

Te escrever

Sem o fazer

Fazendo não o querendo

A água a luz o mar e o vento

Alimentam-se dos nossos corpos felizes de sofrer

Às vezes sofremos

Às vezes inventamos que sofremos

Depois regressam as palavras de escrever

E as palavras de sofrer

E ficamos

Aqui

Impávidos

Deitados nesta secretária velha em melódico pinho…

Escrever-te

Sem saber que te escrevo

Nunca quis escrever-te…

Sabendo que o devo

Fazer

Te escrever

Sem o fazer

E no entanto

Escrevo-te

Pensando que não o sei fazer

E faço-o

E escrevo-te…

Não escrevendo

O escrever

Antes de morrer.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sábado, 28 de Novembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:32

30
Ago 15

Não espero nada do próximo amanhecer,
Não sei se amanhã haverá amanhecer…
Não sei se estarei acordado para o ver,
No próximo amanhecer
Quero estar junto ao mar,
Desenhar na maré o rosto do silêncio,
E escrever,
Sentar-me sobre uma pedra imaginária,
Olhar-te sem te ver…
No próximo amanhecer,
Escreverei palavras no teu olhar?
Não o sei…
Não o sei sem sofrer,
Não o sei…
Não o sei sem te amar!

Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 30 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:12

03
Dez 14

Inventei-te numa noite de solidão,

escrevi o teu nome fictício numa muralha de xisto

que a tempestade tombou,

havia no teu olhar socalcos cansados

e vinhedos sombreados

de... paixão...

 

Havia na tua mão

uma carta por escrever,

e lá dentro...

um beijo,

um beijo desenhado no meu sorriso

com lágrimas de sofrer,

 

Inventei-te numa noite de solidão,

abri os cortinados e olhámos as estrelas de papel crepe...

havia luar nos teus cabelos

e neblina cinzenta nas tuas pálpebras de adormecidos rochedos,

e quando me abraçaste... a cidade morreu,

como morreram todas as cidades onde habitámos,

 

hoje, somos dois esqueletos vadios...

vagueando pela embriagada poesia de um louco,

dois pássaros sem árvores para poisar...

hoje, somos dois esqueletos vadios... sem Oceano para navegar,

e esperamos,

impacientemente que acorde a madrugada.

 

(e hoje... nada me apetece escrever...)

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:58

22
Nov 14

Queimaste a insígnia da paixão no sonífero adeus da tempestade,

dormes profundamente só...

e te alimentas das insignificantes metáforas da saudade,

trazes nas lágrimas uma canção por escrever,

um poema se ergue na tua mão,

e sem o saberes...

habitas na calandra encaixotada do sofrimento,

não sei se algum dia serei teu,

não sei... não sei se lá fora há sol ou escuridão,

se é dia,

noite...

ou... uma mistura de tons com odor a infância,

um barco encalha nos teus seios,

transpiras... gemes as sílabas do prazer,

esperas pelo nascer da madrugada,

quando hoje não haverá madrugada,

quando hoje... não acontecerá nada...

se é dia,

noite...

ou... ou um pincel disparado pela espingarda da solidão,

e se entranha no teu sorriso...

e no entanto,

queimaste a insígnia da paixão,

como quem apaga um cigarro depois de te amar.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 22 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:08

07
Out 14

Hoje,

hoje um dia perfeitamente de “merda”,

 

tudo parece desabar sobre os meus ombros,

chove,

hoje,

hoje estás triste,

hoje,

hoje estás ausente...

 

hoje,

hoje percebi que em breve partirás,

e hoje...

eu, e hoje, eu sem paciência para as palavras,

odeio... as palavras,

odeio a arte de escrever,

 

odeio a literatura,

odeio a pintura,

 

hoje,

 

hoje...

 

hoje odeio a noite,

e os esconderijos nocturnos da solidão,

hoje,

hoje um dia sem memória,

hoje um dia sem história,

hoje... hoje sinto-me um prisioneiro das sombras do infinito...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 7 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:49

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