Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

28
Fev 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Perdidamente só dentro das quatro colunas imaginárias de granito envergonhado,

habito no medo pelo medo, de... medo do medo, com medo, não sabendo que sou um transeunte desgovernado,

vivo e desabito a vida de ser sem o ser,

não percebo porque voam os corpos com asas de papel saudade,

inventando Oceanos de algodão nos lábios das meninas de trapos,

bonecas com sabor a infância e que trazem nos olhos a esperança...

esperança de... não terem esperança porque a esperança deixou de fumegar na lareira do desejo,

morreu o Amor e morreram todos os poemas de Amor,

morreram os homem da caneta de tinta permanente,

tenho uma na minha mão (de José António Tenente),

cansado de mim e das tuas palavras com sabor a argila negra,

permanente só, só... só dento do meu eu...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:39

24
Jun 12

ao longe

longe muito longe

longínquo

vivem as palavras “acreditar” e “ter esperança”

ao longe

corro

corro desalmadamente

e não lhes consigo tocar

 

ao longe

longe na ardósia da saudade

e deixei de acreditar

e deixo de ter esperança

 

ao longe muito muito longe

longe vivem as palavras

longe dormem as sílabas

de longe longínquo vai o meu corpo à fornalha da solidão

do dia e da noite

as luzes suicidam-se no precipício do oceano

 

ao longe

choro e chora e choro

e mingua e minguo e mingua a charada da vida

na cidade pobre

da cidade perdida

e deixei de acreditar

e deixo de ter esperança

da solidariedade

 

(palavra filha da puta)

 

e deixei de acreditar

e deixo de ter esperança

que um dia

acorde o sol dentro de mim

que um dia

seja sempre dia

debaixo dos plátanos do jardim

que um dia que um dia as estrelas sejam de papel.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:25

14
Ago 11

Das mãos de uma criança

Uma rosa em flor

Em cada dia a esperança

Na dor que lança

 

A espada do amor

Os sonhos agarrados à almofada

Das mãos de uma criança

Uma rosa em flor

 

Um sorriso inocente na madrugada

A gaivota que não se cansa de brincar

Das mãos de uma criança magoada

Esconde-se da manhã o mar…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:55

01
Jun 11

Dizem-me para acreditar

Ter esperança…

E pergunto-me ao acordar

Enquanto o sono se despede dos meus olhos

 

Eu vagabundo à nascença

Como poderei acreditar

E ter esperança?

 

Dizem-me para acreditar

Ter esperança…

 

E eu acredito que a lua é quadrada

E o sol construído de lágrimas

Eu acreditar

Eu ter esperança

 

Que amanhã no meu corpo

Uma rosa encarnada

Gritará na alvorada

- Foda-se a esperança

- Foda-se o acreditar

 

Para viver preciso de comer

E para comer preciso de dinheiro…

E ninguém vive da esperança

Tão pouco de acreditar

 

Para viver, para viver preciso de trabalhar.

 

 

Luís Fontinha

1 de Junho de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:31

01
Mai 11

Cada dia uma esperança, cada segundo um minuto, um minuto de eternidade, distância, ausência do vazio, e lá longe, no fim do destino, sim, aí mesmo, a minha ilha; a ilha que me viu crescer, aos poucos, umas vezes atinadinho, outras, outras é melhor não falar…

Ao fundo da rua, fica o casebre onde se vende sexo por encomenda, pizzas e demais mercadoria. Também temos café, chã, torradinhas, pensamentos tristes…, e entregas ao domicílio.

Closed.

Amanhecer. E ela não vem há janela. Odeio esta janela. Uma vezes fechada, outras, nem aberta nem fechada, as pestanas de cetim parecem bailarinas a interpretar o bailado; o lago dos cisnes! Piotr Ilitch Tchaikovsky.

Lindo, belo, belíssimo.

Vou passar a chamar-lhe, à tua janela, o acordar do amanhecer, e tu não vens, estás ausente na constelação de Peixe voador, e das oitenta e oito constelações, tinha logo que ir para esta. Tão longe…

Na minha ilha andam a passar-se coisas muito estranhas, analfabetos são doutores e engenheiros, os sem currículo são bem-vindos, bem-vindos ao nosso estabelecimento comercial, os incompetentes são promovidos, isto há cada coisa…

Tão longe, nem à velocidade da luz chegava até ti. Impossível.

E na distância ficarás perdida eternamente, ausente entre dois segundos de nada, e eu, continuarei a caminhar, sem correr, devagar, até novamente encontrar outra constelação, das oitenta e oito, menos tu, são oitenta e sete…

E eis que da cabeça de alguns da minha ilha, como se acontecesse um milagre divino, pois também existem outros milagres, o nevoeiro deita-se cuidadosamente no jardim, e ao fundo, aparece envolto numa túnica amarrotada pelo tempo, El Rei. El Rei do burgo.

- Viva o Rei! Viva.

- Vassalagem a sua Majestade.

Que se foda o Rei. Cada dia uma esperança.

 

 

 

(texto de ficção)

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:25

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