50 x 60 acrílico s/tela. Francisco Luís Fontinha.
Fontinha – Outubro/2015
A estátua que habitava no teu peito
Esta sentada, hoje, numa cadeira sem jeito,
Brinca, hoje, num jardim amarrotado por mãos inanimadas,
Como são tristes todas as madrugadas
E todos os versos do poeta,
Como são tristes todas as manhãs embriagadas
À mesa com um qualquer pateta,
Um imbecil encurralado na noite
Esperando o acordar de um relógio sem alma,
Chora, acredita nas lágrimas do sofrimento,
Chora, e inventa o inferno
No corpo do vento…
A estátua… não se cansa de dançar
Sobre a tua pele grená…
Os lábios manchados de sangue,
Os braços entranhados na face de um inocente,
Chora, acredita na liberdade,
Chora, acredita na saudade
Dos ausentes corpos de esferovite,
Grita, grita contra o muro invisível da prisão,
Morre a verdade,
Morre o ditador em pedacinhos de cacimbo…
Rasga o convite
E fica esquecido no tédio limbo…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 14 de Outubro de 2015
Fontinha – Outubro/2015
Ouvi-los… nunca,
Estes loucos pássaros envergonhados e tristes,
Estes homens sem fronteira
Galgando a sombra de outros homens,
Na fome, na miséria beleza
Quando o mar se aproxima, e mata, e eles fingem morrer,
Junto à ribeira,
Com o medo de tudo perder,
Eles, os pássaros, eles, os homens sem fronteira,
Agachados nos riachos envenenados pelo dinheiro,
Rastejando no capim outrora fértil de palavras…
E hoje, e hoje Oceanos de lágrimas laminadas.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 12 de Outubro de 2015