Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Jul 14

Feliz aquele que tem alguém para amar,

feliz aquele que tem um livro para ler,

escrever, tão feliz... tão feliz aquele que sente a noite adormecer,

adormecer... nos braços do luar,

 

Feliz aquele que tem lábios para beijar,

que habita numa boca com sorriso de amor,

feliz aquele que inventa cabelos na planície do amanhecer,

e sem querer... e sem querer começa a chorar,

 

Felizes os barcos que têm marinheiros de papel,

corpos nus, corpos com sabor a mel...

feliz aquele que tem seios para pintar,

segredos para desvendar, quando o calendário da solidão... desaparece no mar,

feliz, eu?

talvez venha um dia a acreditar,

que há sanzalas com odor a chocolate,

que existem nuvens plantadas nos socalcos das coxas cinzentas dos pinheiros bravios...

feliz aquele que morre sem o perceber,

feliz..., tão felizes os cigarros de fumar,

tão felizes os cigarros de viver,

… quando há uma mulher embrulhada numa folha amarrotada,

 

Feliz aquele que tem alguém para amar,

feliz aquele que tem um livro para ler,

feliz..., tão feliz aquele que tem um poema a crescer...

a crescer... no verbo desejar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 27 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:08

13
Mar 13

Pensava que a erva era uma sopa concentrada

alimento respeitado para a alma

pensava eu

que a dita madrugada

não chegava

e mesmo assim

chegou

regressou do longínquo jardim

só e abandonada

como as estrelas do céu

de sal em pitada

na mão madrasta que o vento levou,

 

Pensava que a erva se fumava

e eu fumei-a como sílabas descarnadas

pensava que da sopa apareciam bailarinas desesperadas

como as mortalhas do mordomo

e os tripés de arame com pernas de navalhas

mas a erva não bateu e o mordomo chorava

deitado nas loiças palhas

pensava eu antes do sono,

 

Pensava eu pensava

quando olhava para o espelho traidor

sem perceber que o doutor

comia a erva e fumava ovelhas

cagava abelhas

e bebia mel

com pedacinhos de papel

e fumava luzinhas fumava.

 

(não revisto)

Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:40

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