Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Fev 14

foto de: A&M ART and Photos

 

A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro

vêem-se de ti os cabelos da madrugada trigonométrica procurando senos e cossenos

e dentro do círculo trigonométrico

os teus tristes lábios em três quartos de pi radianos

a imagem acorda em ti e cansa-se do silêncio transferidor

e as lágrimas envergonhadas como pedras fundeadas na ribeira do Adeus

desaparecem ao amanhecer

tenho medo confesso-lhe

e ela desesperadamente

desenha-me na ardósia manhã como beijos tangenciais ao quadrado do Amor

o rio flui até encostar-se à fórmula fundamental da trigonometria...

e percebo que o seno ao quadrado de alfa mais o cosseno ao quadrado de alfa é igual à unidade... a (imagem tua estampada no rosto inverso do vidro...)

 

Imagino-te nua sem saberes que no espelho encarnado vivem gaivotas veleiros

e pernaltas petroleiros

 

A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro

a equação da Saudade desfaz-se em pedacinhos papeis...

que voam em direcção ao infinito onde se abraçam rectas paralelas e ventos circunflexos

corpos incandescentes ardem como ângulos adormecidos

há lareiras em desejo na janela da noite

quando os versos transformam-se em sanduíches de nada

e do nada

a tua imagem sem saber que as integrais triplas são amantes dos cossenos hiperbólicos...

a matriz transposta invade o púbis da matriz inversa

choras...

dormes... como uma criança deitada na equação diferencial da paixão

e a tua imagem... e a tua imagem esconde-se na lixeira do inferno.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:51

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