Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

28
Abr 19

Hei-de escrever-te um poema,

Numa tarde de Domingo,
enviá-lo pelo melro amigo,

Deste meu jardim recheado de palavras,

Hei-de escrever-te um poema,

Guardá-lo na algibeira,

Enquanto não regressa o melro amigo.

Hei-de semear uma bandeira,

Na tua mão de alecrim,

A bandeira do meu País…

Que vive a morte assim;

Uns são presos,

Outros, corruptos,

Outros nada são,

Só no meu País…

País do meu coração.

Hei-de escrever-te um poema,

Lindo de morrer,

Poema que vai aquecer,

O teu corpo de menina.

Hei-de escrever-te um poema,

Que um dia vai pertencer,

Ao livro da saudade,

Antes de eu morrer…

Hei-de escrever-te um poema,

Levar a espingarda,

E com o meu amigo melro,

Descer a escada,

Que dá acesso ao mar.

Levo a bandeira,

Levo a espingarda de papel…

Um dia vou,

Vou escrever-te um poema,

E assinar,

Ofereço-te a bandeira,

Ofereço-te o meu amigo melro…

Mas eu fico com o poema.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

28/04/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:34

25
Abr 19

O pilantra poeta que vos escreve,

É um falso poeta,

É um nocturno livro com folhas de nada,

O abismo,

Na madrugada.

 

O falso poeta,

O profeta das palavras imaginadas por um louco,

Que um dia sonhou ser poeta,

E hoje é um palerma de merda,

Sentado numa qualquer esplanada.

 

O profeta, poeta, embrulha-se no seu poema,

Roubado dos jardins públicos da aldeia,

Escreve no chão,

Grita a liberdade por estar vivo

E não ter ido à Guerra.

 

Esse mesmo, o eu, o poeta de merda…

O homem dos sonhos irrealizáveis,

Dos desenhos abstractos das montanhas do silêncio…

Quase nada,

Nada.

 

O pilantra poeta,

O dos livros queimados,

O transeunte ilustre da cidade apagada…

Fujam de mim,

Que nada valho…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

25/04/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:48

23
Mar 19

No rosto a flor queimada da madrugada,

A sombra voadora do silêncio inanimado,

Os sopros dos corpos amachucados,

Quando a minha voz, cansada, trémula… se desfaz,

Em pequenas gotículas de geada,

O triangulo, o quadrado,

A canção revoltada,

Pelas palavras,

Do nada.

A boca silenciada,

Para mim, tanto faz,

Que seja de manhã, anoitecer…

Ou nada,

No rosto, as lágrimas dos telhados,

Nas sílabas incendiadas por um louco,

De tudo, nada,

Ou pouco.

A geada madrugada,

Os camuflados sorrisos do nada,

Coitados,

Tanto trabalhar,

Tanto amor,

Que de uma flor,

Vê-se o mar

E o nada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

23/03/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:22

05
Ago 18

Que sítio é este, onde me trazias lágrimas e palavras,

Ao final do dia,

Quando o meu corpo sentia,

A saudade desorganizada da fantasia,

Que corpo é este, onde me alimentavas a poesia,

E ao nascer do dia,

Uma gaivota apaixonada,

Me dizia…

Amanhã não serás nada,

 

Que amor é este, que trazes na lapela,

E afoguentas o Verão…

São palavras, senhora,

São vírgulas envenenadas pelo vento,

Que vem e vão…

 

Que silêncio é este, menina das tardes perdidas…

 

Entre rochedos e riachos, entre parêntesis e lâminas de incenso,

E lágrimas vendidas,

Numa qualquer feira, numa qualquer cidade,

Incendiada pelos teus seios, numa qualquer madrugada,

 

E searas.

 

Que triste, meu amor, as amoras selvagens,

Dormindo nos caminhos pedestres,

Descendo até ao rio…

Setadas na penumbra liberdade,

De um beijo amaldiçoado…

Na triste saudade,

 

Que sítio é este, meu amor desgovernado, triste e cansado…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 05/08/2018

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:16

22
Abr 18

Flor queimada.

Quando a enxada da saudade,

Dócil quimera da tempestade,

Mergulha na madrugada,

 

Perfume da solidão,

Rasgando a terra onde se entranha o teu cansaço,

Toco-te com a minha mão…

E sacudo a espada do abraço,

 

Nada faço,

 

A não ser escrevendo palavras ao vento.

 

Me sento.

 

Me alimento.

 

Menino da tua liberdade.

 

Flor queimada,

Que o mar semeia nos tempos de espera,

Quem me dera…

Nos soníferos da pomba assassinada.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 22 de Abril de 2018

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:26

06
Jul 17

Era teu, meu amor,

Agora pertenço ao grupo dos desalojados locais,

Apátrida,

Silencioso esquecimento das nuvens em flor,

Solstício da saudade, e lá ao longe, muito longe… um jardim de silêncios envenenados pela escuridão,

Onde adormecem as faúlhas,

Onde poisam todos os pássaros em papel,

Antes do nascimento do Sol…

Terra queimada,

Húmus da liberdade condicional,

Os livros suspensos no teu olhar…

Quando cai a noite,

Ausento-me,

Desapareço no horizonte…

E aproximo-me de ti como fazem as gaivotas na Primavera,

Abraçam-te,

Abraçam-te enquanto um velho relógio se engasga entre ao catorze e as quinze horas,

E morre…

E morre no pulso do poeta,

 

As faúlhas ventiladas das noites em claro,

A clarabóia do destino encalhada nas estrelas,

Como eu, como eu depois da partida do ausentado destino…

Velho, velho de morrer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 6 de Julho de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:20

10
Dez 15

Este apeadeiro sem telhado

Sofrido nas frestas e nas ripas e nos pregos

A farsa de um comboio vomitando na noite escura

Palavras

Apitos

E homens de chapéu negro

Inventam uma revolução

Eles gritam

“queremos pão”

Não é crime pedir pão

Não é crime ler com um pão na mão

Crime é sentir a liberdade

Sentada

Numa jaula com grandes de cartão…

Crime é não ter a liberdade desejada.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:25

16
Nov 15

esconde-se o corpo no tapete nocturno da solidão

as cânforas manhãs do desassossego libertam-se das amarras

a liberdade acorda

todas as flores são livres

e todos os pássaros voam sobre os cabelos da alvorada

o olhar da serpente brinca num longínquo quintal abandonado

onde uma criança

também ela livre…

sonha com barcos em papel e estrelas coloridas

o corpo nunca teve medo

a não ser da solidão

que é a única prisão que amedronta o homem sem corpo…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 16 de Novembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:46

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publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:12

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publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:23

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