Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

11
Jul 14

Não estavas,

levemente desapareceste nos panos húmidos da manhã,

sentia-se a brisa que regressava da montanha,

peguei na tua mão,

percebi que era de papel, percebi que era impossível segurá-la...

hesitei,

voltei a pegar,

a tua mão ardeu, e vi a cinza madrugada rolando calçada abaixo,

 

O rio absorveu-a, o rio absorve todos os corações sem nome,

levemente... deixou de haver manhã,

perdi a noção do meu corpo, perdi nas pálpebras da tua dor o meu sorriso...

fiquei carrancudo, absorto, como o granito esquecido numa rua sem janelas,

a pedra, e as flores...

absorvidas pelo mesmo rio que hoje alimenta o meu desejo,

não estavas,

e hoje tenho medo a todas as mãos de papel...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:37

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