Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

04
Jun 17

Suspendo nos teus olhos todas as palavras que não quero escrever,

Porque tenho o tempo limitado nas mãos do luar,

Suspendo nos teus olhos todos os sonhos que não quero viver…

Abraçado ao mar,

Recordo os barcos em papel que construías só para mim,

As ruas desertas e o som do capim…

Agora sou um desiludido com a vida suspensa no teu olhar,

Um homem que olha para a forca e para a faca invisível do sofrimento,

Construído em alumínio calcinado pela tempestade,

Adoro o vento,

E a cidade saboreando o vento…

Quero dormir e deixei de ter sono,

Porque nesta montanha onde habito,

Eu grito,

E escrevo nas sombras do destino,

Ai quando eu era menino…!

Ai quando eu era um vagabundo ouvindo o sino…!

E tinha sempre comigo a saudade.

 

Saberei esquecer nos teus olhos todas as palavras que não quero escrever?

 

Vejamos.

 

Ontem sonhei que fui atropelado pelo teu amor,

Um ramo de flores que trazias na tua lapela…

Como trago na minha um ramo de dor…

Ou uma canção tão bela,

Hoje termina o dia como terminam todos os dias…

Tristes e com chuva invisível,

 

Vejamos.

 

As laranjas são doces,

Perfumadas,

 

Encosta abaixo recordo as palavras assassinadas

Nas encostas das janelas entreabertas para o luar…

 

Vejamos.

 

As laranjas são doces,

Encantadas,

 

Quando o rio esconde madrugadas…

E nos teus olhos…

Suspendo todas as palavras.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 4 de Junho de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:20

17
Nov 16

vozes

a camuflagem nocturna da paixão

nos meandros do sono anunciado…

os gritos

o subscrito lacrado

que o Doutor recebeu

do dependurado luar

enquanto escrevia

viu

viu o milagre acontecer

desceu as escadas

começou a escrever

sem recordar o espelho que envelheceu

numa tarde de Outono… mais adiante

lembrou-se da corrente

que trazia suspensa no pescoço

morreu

e via

as madrugadas

e a estrela que lhe mente

quando as vozes

vozes

adormecem no caixão

da paixão

vozes…

nas profundezas do poço

que o corpo não sente.

 

 

Francisco Luís Fontinha

17/11/2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:08

08
Dez 14

Sou um ignóbil cemitério de cinzas

recheado de falsos amanheceres

e de tristes madrugadas,

sou um pirata

que tem medo da noite,

sou... um pirata

de lata,

que chora e branca

nas sanzalas da infância,

sou uma sombra com odor a insónia

que não se cansa de lutar,

sou um ignóbil cemitério de cinzas,

 

prateadas

amadas

e cansadas...

 

arde a cidade do meu corpo

como plumas de sílabas enraivecidas,

tenho um livro na algibeira

sem palavras...

sem... sem brigas, sem... sem vírgulas,

sou um covarde vestido de luar

sou um desalmado com medo...

com medo de amar,

 

sou um ignóbil cemitério de cinzas

recheado de falsos amanheceres

e de tristes madrugadas,

 

sou a bailarina do desejo

em busca do sexo barato,

sou rua,

sou... sou lagarto,

sou... sou prostituta,

sou a âncora dos teus abraços

quando emerge em ti a sinfonia da paixão,

e todo o amor morre em tesão...

 

simplificado

os meus lábios inseminados pelos teus seios,

esta cidade que saltita no meu amor...

e me acolhe nos seus rochedos.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:57

28
Nov 14

Os teus olhos pincelados de verniz

camuflados no sombreado silêncio de uma ardósia

a tarde sem destino

e o menino...

embrulhado nas palavras adormecidas pelo giz

que só o luar consegue apagar

e destruir

o barco vai partir

sem conhecer a direcção...

ou... ou o cais para ancorar

e há uma corda suspensa nos lábios da solidão

que transcende o homem que deseja mergulhar no Oceano,

o desengano

do desassossego vestido de beijo enfeitiçado

a menina dança?

os teus olhos que só os pássaros percebem

o teu corpo de esferovite à deriva na planície das lágrimas incendiadas pelo areal...

um grito de revolta

alicerçado ao magnetismo esconderijo das geadas envenenadas

a embriaguez estonteante das madrugadas

quando o relógio de pulso se suicida num abraço de cartão canelado

e o homem responsável pelos teus olhos pincelados de verniz...

… morre lentamente na fogueira da paixão

como a perdiz

nas garras do amanhecer

e nesta vida de viver...

os teus olhos são cerejas de sofrer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:52

30
Jul 14

Não sei porque chora,

este granito das arcadas em flor,

porque se cansa esta cidade...

porque morre este amor,

se a noite não vai acordar,

e a tarde,

e a tarde teima a alicerçar-se nos lábios da dor,

não sei porque chora,

este granito sem cor,

que no cansaço mora,

que dos abraços inventa as palavras de amar,

quando se dissipa no teu corpo o silêncio grito...

não sei porque chora,

este granito em teu olhar,

esse corpo fervilhando em desejo,

não o sei, agora,

se esse granito é luar...

ou... ou se é um beijo,

não o sei...

porque chora este granito das arcadas,

em flor semeados os seios da alvorada,

este granito das madrugadas,

que um dia desenhei,

e hoje, e hoje não é nada.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 30 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:22

28
Jun 14

(para a amiga Sónia Lázaro)

 

O sol que constrói sorrisos,

o sorriso que desperta madrugadas,

o corpo que fascina os poetas...

um livro por escrever,

nas palavras inventadas,

 

A cidade incandescente,

a fogueira que arde,

e sente,

o cansaço do amanhecer,

 

O sol que constrói sorrisos,

o olhar que alicerça poemas,

os lençóis da insónia...

quando o mar alimenta o desejo de partir,

 

O sol... das pálpebras em movimento,

o sorriso solitário dos Invernos com sabor a Primavera,

o Sol... e os sorrisos,

e o amar suspenso nas mãos de uma gaivota,

… a gaivota saudade.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 28 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:17

21
Jun 14

Envelheces-me,

desenhas rugas nas minhas pálpebras envernizadas,

dizes que o meu corpo, dizes que o meu corpo é uma jangada apodrecida,

à deriva, como as gaivotas apaixonadas,

como as madrugadas,

também elas, tal como eu, envelhecidas,

tristes...

e... e cansadas.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 21 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:26

22
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

sou uma triste borboleta

cansada de voar

um rio que deixou de correr para o mar

o barco

uma pedra a chorar

sou uma triste borboleta

com olhos de insónia

com asas de papel

com mãos de amónia

uma triste borboleta

eu sou

como as madrugadas de mel...

 

sou uma triste borboleta

em busca do Inverno

e desce a noite aos teus cabelos

e acorda o maldito Inferno

e deixo de viver

e deixo de habitar

os teus olhos sem palavras de escrever

sem as palavras de sofrer...

uma triste borboleta

cansada de voar

cansada de amar...

nas manhãs da manhã ensonada.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 22 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:41

01
Mai 14

não queiras ser como eu

não o desejes sabendo que o desejar não existe

é um fantasma vestido de saudade

é uma estrela embrulhada em madrugadas de azoto

como os nossos braços

abraçados à árvore do desgosto

 

não tenhas medo do vazio

dos buracos negros que existem no teu corpo

não o queiras

desiste

viaja para o cimo da montanha

e acredita no Luar

 

não chores

não adormeças...

não queiras ser como eu

um baobá esquecido no cacimbo

um cigarro imaginário em pedaços de suor sobre a tua pele de cortinado amanhecer

não não queiras ser como eu... um desejo com sabor a envelhecer.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:47

15
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

a minha cidade despede-se do teu corpo em decomposição

um putrefacto sorriso acorda nos lábios da solidão

a minha cidade vive

como serpentes dentro de um aquário

a minha cidade é um corredor sem saída...

a minha cidade vive

e escreve nas paredes do medo

o silêncio prometido

 

a minha cidade és tu

nua despida em pedaços de leito das avenidas perdidas

a minha cidade dança

tem mãos de seda

e seios de indefinidos sons com abraços de musicalidade em palavras vãs

vãos de escada em sofrimento desejando o trono da fortuna

nua

tua mão singular no meu peito plural

 

o pronome avança contra o néon de sémen

e os telhados da minha cidade

ardem

como loiros cabelos suspensos nos arames do suicídio...

a minha cidade é uma puta com edifícios escumalha em lãs madrugadas

ovelhas

cabras...

e... e pequenos nadas.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 15 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:53

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