Cada milímetro quadrado
Do teu corpo na sombra da minha mão
Em cada rosa encarnada
Silêncios que na manhã submergem e se afundam em ti
Sílabas dispersas que nos teus seios fazem frases
Palavras que dentro das tuas coxas sorriem-me
Saltitando de sombra em sombra
Gaivota que nos teus lábios acorda
E dos teus dentes pregados no meu ombro…
Um veleiro se movimenta
E se abraça no vento em tempestade
Embala-se nos teus braços âncora do fim de tarde,
Cada milímetro quadrado
Do teu corpo um centímetro de desejo
Dez miligramas de pequeníssimas gotas de suor
E sinto o teu calor
Quando te sentas sobre mim
Do teu corpo na sombra da minha mão
Do teu corpo os meus olhos suspensos no tecto
E eu olho pela janela
E lá fora dentro de um espelho mágico
Acorda a noite e adormece o teu corpo desejado,
Cintila o dia nos lençóis onde poisamos
Os nossos corpos
E entre nós separa-nos a cumplicidade
O prazer de escrever palavras no mar
A maré transporta-nos para a ilha
E tu fundes-te em mim
E os nossos líquidos
São um rio que corre ao contrário
Sobem a montanha
Desaguam na nascente
E entramos na gruta que o dia de ontem nos trouxe
A água límpida da manhã
Luís Fontinha
4 de Junho de 2011
Alijó