Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

05
Jan 15

A luminosidade tangente ao teu olhar

entre círculos

quadrados

e buracos

há no teu corpo equações sem solução

resmas de papel quadriculado

em chamas

e feridas no coração...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:24

23
Jun 14

Tens um X no espelho dos teus lábios,

há um Y no centro do teu peito, deslocando-se em pequeníssimos milímetros,

ora para a direita, ora para a esquerda,

depois, mais abaixo, no teu umbigo... o desgraçado Z, desnorteado, sem saber o que fazer,

como eu, um corpo deambulando entre a raiz quadrada da solidão,

e uma mísera folha quadriculada, feia, e abandonada,

gravitando em volta dos teus seios,

procuro-me nos três ponto algures no espaço do teu desejo,

peço-te um beijo,

e tu, tu respondes-me com uma equação sem solução,

e obrigas-me a rotações ímpares, sem local para aportar,

como os barcos recheados de quadriláteros,

 

O meu corpo ancora no Z que adormece no teu umbigo,

transforma-se em três eixos, sinto-me tridimensional, raivoso, animal,

esqueço as palavras, esqueço as equações...

 

(Impossível de resolver)

 

Lá fora chove,

e hoje o vento entristece as três incógnitas do teu esqueleto com odor a noite sem nome,

há um perfume em ti que me diz... (hoje não o conseguirás),

e não,

desisto desta equação,

desgraçado, eu, eu que não percebo o significado da matriz amar,

talvez transposta,

talvez... talvez mal-disposta,

 

(Impossível de resolver)

 

Escrevo números no teu olhar,

silencio-me quando de ti uma parábola acabada de nascer voa como uma gaivota sobre o mar,

os resultados começam a aparecer nas tuas mãos...

o X é igual a paixão...

o Y é igual a cansaço, porque desenhar-te... cansa, Ai como cansa!

e o Z é igual a amor sem saída, rua encerrada, edifício sem transeuntes...

 

(Impossível de resolver)?

 

Não,

 

A equação do teu corpo... tem solução...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 23 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:07

18
Mai 14

Redefino-te entre os círculos do desejo

percebo das pálpebras do Oceano que o teu corpo flui na equação da recta

há nos teus seios de oiro uma velha parábola

que voa

e dorme

nas tuas mãos embrulhadas na curva de Agnesi,

 

És matemática que o homem acaricia

docemente

e resolve as equações de ti,

 

Redefino-te e sinto na tua boca o regresso do amor

sento-me em frente ao mar

e espero que cresça a noite

desenho na areia do prazer os lençóis onde adormeces

e absorvo-te na peugada estrelar das camélias em flor

e sei que habitam em ti todos os esconderijos da montanha...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 18 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:43

08
Abr 14

Percebo que as equações do meu corpo não têm resolução,

sou um aglomerado de números complexos, integrais duplas e triplas, habitam nos meus braços,

percebo que tenho um sorriso em granito, e sei que nas quadrículas do meu peito...

suspendem-se as infinitas cordas paralelas do nylon madrugada,

um imbecil programado, um corpo onde se misturam os algoritmos de Fortran e as raízes quadradas do obscuro olhar, sem sentido, único, proibido estacionar o meu corpo em cima do passeio da solidão,

cruzo os braços,

e pergunto-me...

o que faz o poema sem nome dentro do silêncio amanhecer?

sem prazer,

a vida é um fluído em escoamento permanente...

em direcção ao mar,

em construção... como corpos geométricos procurando amor nas flores triangulares...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 8 de Março de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:40

26
Fev 14

foto de: A&M ART and Photos

 

A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro

vêem-se de ti os cabelos da madrugada trigonométrica procurando senos e cossenos

e dentro do círculo trigonométrico

os teus tristes lábios em três quartos de pi radianos

a imagem acorda em ti e cansa-se do silêncio transferidor

e as lágrimas envergonhadas como pedras fundeadas na ribeira do Adeus

desaparecem ao amanhecer

tenho medo confesso-lhe

e ela desesperadamente

desenha-me na ardósia manhã como beijos tangenciais ao quadrado do Amor

o rio flui até encostar-se à fórmula fundamental da trigonometria...

e percebo que o seno ao quadrado de alfa mais o cosseno ao quadrado de alfa é igual à unidade... a (imagem tua estampada no rosto inverso do vidro...)

 

Imagino-te nua sem saberes que no espelho encarnado vivem gaivotas veleiros

e pernaltas petroleiros

 

A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro

a equação da Saudade desfaz-se em pedacinhos papeis...

que voam em direcção ao infinito onde se abraçam rectas paralelas e ventos circunflexos

corpos incandescentes ardem como ângulos adormecidos

há lareiras em desejo na janela da noite

quando os versos transformam-se em sanduíches de nada

e do nada

a tua imagem sem saber que as integrais triplas são amantes dos cossenos hiperbólicos...

a matriz transposta invade o púbis da matriz inversa

choras...

dormes... como uma criança deitada na equação diferencial da paixão

e a tua imagem... e a tua imagem esconde-se na lixeira do inferno.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:51

16
Jan 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Incinero-me na tua sombra com os espelhos nocturnos do inverso complexo número

e sinto em ti as cinzas equações das tristes integrais

duplas… triplas...

infinitamente sós

soalheiramente sentadas num quadriculado caderno com capa negra

argolas nuas dos simplificados arames maleáveis em chapéus de palha humedecida pelo desejo orvalho da madrugada...

sinto-te desfalecer a cada minuto em desassossego e as janelas não mais acordaram depois da tempestade

o silêncio mergulha-te

insemina-te de falsos alicerces...

como falsas deles as palavras que somos obrigados a ouvir

incinero-me na tua sombra sem o saber

e não entendo as tuas lágrimas após caírem sobre o soalho os cortinados da solidão...

 

 

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:45

29
Ago 13

foto de: A&M ART and Photos

 

imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça

tento perceber as equações do teu empobrecido coração

geometricamente

não consigo determinar a posição do teu corpo no espaço tridimensional...

e tudo parece tão simples

normal

imagino a integral dos teus seios pintados de encarnado

e reflectidos no prisma que se esconde na teoria das cores

dos cheiros

e sabores

imagino a equação diferencial das tuas alegres coxas

quando se despedem da tarde as gaivotas triangulares

 

imagino o silêncio vestido de negro

caminhando sobre o arame da solidão

lá em baixo o público enfurecido olha-te como se fosses um cartaz perdido no vento

balançando

dormindo

chorando

e imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça

os círculos trigonométricos do teu púbis amargurado

cansado de mim

talvez... apaixonado por mim

talvez

porque tridimensionalmente... não consigo determinar-te no espaço só e vazio

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 29 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:35

20
Jul 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Projecto-me tridimensionalmente no muro onde poisas, todas as noites, os cotovelos, seguras a tua doce cabeça com as pequeníssimas mãos de menina apaixonada, olho-te como se fosses uma imagem prateada tingida com pedaços de azuis cerejas que numa tela simplesmente mergulhada na noite desgovernada, ela, absorve-te, alimenta-se de ti como as abelhas do feminino pólen com sabor a masculino desejo, e depois de saber que és uma imagem prateada tingida..., os pedaços de azuis cerejas borbulham-se-te com cobertores suspensos numa janela dançarina, bailarina eu?

Bailarino, tu!

E de ti como as abelhas, desisto das parvas palavras que finges ler, como fingias as noites dos cortinados de Lisboa, baixavam-se as tímidas persianas do amor também ele..., tímido?

Bailarino, bailarino sem profissão conhecida, artista sem arte, Tímido, eu? Que me dera ser como tu, uma triste alga dentro do rio sonolento das varandas com gradeamentos enferrujados, tristemente, eles, dentro de ti, às sílabas farto eu escrever, Tímida ela?

Perdia-se-lhe os mínimos sons da sua voz nas pétalas doiradas das rosas transeuntes das ruas prostituindo-se como reles bancos de jardim, onde todos se sentam, e eles... apenas estão lá, não pelo prazer, apenas estão lá porque os obrigam a estar, porque se não fosse dessa forma...

Tímidos?

Os corpos reluziam como gaivotas, e das ripas em madeira dos teus ombros, as alegres asas de porcelana, meu amor, Tímida? Quando sei que o teu corpo é incenso que arde num prato de cobre, música alimenta-se em ti, e os versos

Bailarino, tu!

E de ti como as abelhas, desisto das parvas palavras que finges ler, como fingias as noites dos cortinados de Lisboa, baixavam-se as tímidas persianas do amor também ele..., tímido?

Versos no cardápio ao preço de vinte e cinco euros a dose, aprece muito, isenção de IVA, e com a oferta de uma bebida branca...

Bailarino tímido, eu, ou tu?

Tenho uma vida cúbica, tenho sonhos quadrados e sofro em círculo, sou um perfil geométrico, alimento-me de senos e cossenos, fumos tangentes hiperbólicas, e faço o amor com as equações diferencias..., afinal, quem sou eu? Um pedinte matemático? Um bailarino/Bailarina, Tímida? Um hipercubo com braços de esperma descendo escadas de cinzentos soníferos com orifícios a imitar as janelas de luar?

Bailarino, tu?

És um triste, és uma integral tripla sobrevoando o momento fletor dos teus livres seios na viga do desejo... oiço-te gemer, a musicalidade da tua boca é uma pauta com sons débeis, difíceis de engolir, fáceis de mastigar..., textos, palavras, livros bolorentos entre vacas e carneiros no centeio do tio Joaquim, vivíamos como dois palhaços embriagados pelos sorrisos das marés envergonhadas dos longínquos mares que descobrimos nunca terem existido..., e o vento

E o vento vai desalicerçar a tua singela estrutura de bailarina rodando em redor do teu centro de massa cuspindo momentos angulares como fazem as nuvens antes de adormecerem nos teus braços...

Ainda acreditas, que, eu, Bailarino... Tímido?

 

(ficção não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:03

15
Jul 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Invejo-te os olhos de púrpura amanhecer

quando te sentavas sobre as sombras da madrugada

sem o saber sem o perceber

amanhã envio-te as cartas prometidas com as flores desenhadas

ruas e prédios e penumbras fachadas

no jardim do silêncio à espera da tua chegada,

 

Amanhã prometo regressar aos teus braços

e a vela transatlântica é engolida pela insónia cristalina das tuas mãos

amanhã

engolida toda a matéria disforme numa equação desnecessária

proibida

cansadas?

maltratadas janelas com pequenos grãos de areia...

e a vã maternidade dos recortes em papel voando sobre ti,

 

Invejo-te os olhos

e as persianas dos teus olhos como uma fotografia a preto-e-branco caminhando junto ao mar

transformas-te em alga adormecida

e desces pelo meu corpo até te acorrentares ao meu peito aprisionado pelo medo...

invejo-te os seios perfumados como estrelas tricolores suspensas na saudade

e percebo que passou por nós... imenso tempo tempo demais...

 

Tempo perdido quando rectas paralelas se encontram no infinito...

acreditas, não acreditas, meu amor?

a paixão de PI quando começa o vómito de 3,141592654... no teu púbis onde desenho gráficos,

equações, máximos, mínimos... e os zeros da função...

e a função alimenta-se dos teus gemidos como vidros partidos sobre as flores das searas...

prometidas?

Invejo-te os olhos

e as tuas coxas com sabor a gaivota estonteante...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:08

02
Mar 13

Enquanto ouvir os pássaros, percebo que estou vivo, sentindo os barcos em círculos no rio dos sonhos, sim, percebo que estou a sonhar, e enquanto olho, uma cidade em voos silenciosos debaixo das pontes que ligam o amor e a paixão, sim, percebo que estou “fodido”, porque a paixão mata, mói, corrompe as mandíbulas das asas de papel, e oiço-as, a elas, e percebo, porque oiço os malditos pássaros, que estou vivo, sou um espelho insignificante, com luzes e brilhantina na cabeça, um palhaço de circo ambulante, um zumbi com cabelos soltos e mergulhados nas espinhas do amanhecer, e sim, que percebo, a paixão emagrece o céu, alimenta-se dos corpos em desejo, e depois, depois de mastigar os ossos e a carne, foge, e esconde-se no monte mais secreto do abismo; e começo a não ouvir os pássaros, e percebo que os barcos em círculos no rio dos sonhos, sim, percebo que a paixão mata, como matam as balas da solidão, quando embatem contra o peito da paixão...

Para que servem os meus poemas se as tua mãos de papiro ardem no silêncio da noite recheada por uma longínqua, fria, inteligente, capaz de absorver-te como as tuas algas que utilizavas nas tuas débeis pesquisas, acabavas de te apaixonar pelo mar, e já trazias os rios num dos bolsos do teu bibe, e dançavas, quando o vento soprava do Sul, uma bandeira flutuava, dizia-se livre, liberta-me

E tu

Que fizeste concretamente?

Deixaste-me acorrentado a um cais mórbido, ensanguentado por palavras que ninguém percebia, porque era a nossa linguagem, eram as nossas palavras, como o fumo

E

E tu

Lembravas-me o vento quando eu sobrevoava as tendas de lona das casas sem literatura, e que fizeste concretamente? Nada,

Nada,

Como sempre, eu, tu, dois veleiros num cais de cimento com luzinhas que ao longe se transformavam em pontinhos, em círculos, em

Em

E tu

Que fizeste concretamente?

Enquanto ouvir os pássaros, percebo que estou vivo, sentindo os barcos em círculos no rio dos sonhos, sim, percebo que estou a sonhar, e enquanto olho, uma cidade em voos silenciosos debaixo das pontes que ligam o amor e a paixão, sim, percebo que estou “fodido”, porque a paixão mata, mói, corrompe as mandíbulas das asas de papel, e oiço-as, a elas, e percebo, porque oiço os malditos pássaros, que estou vivo, que precisamos de gritar, amar, morrer, que enquanto ouvirmos os pássaros, percebemos que estamos vivos, sentindo os barcos em círculos no rio dos sonhos, sim, percebemos que estamos a sonhar, e enquanto olhemos, uma cidade em voos silenciosos debaixo das pontes que ligam o amor e a paixão, sim, percebemos que estamos “fodidos”, porque

A paixão matou-nos, porque o amor, também ele, numa noite de inverno, assassinou-nos, e ficamos sós, abraçados, como duas gotas de água suspensas num arame de vidro..., e no entanto

Em

E tu

Que fizeste concretamente?

As tuas tristes algas sobreviveram à tempestade de areia, talvez, hoje, Sábado de Março, vivam dentro de uma parede de xisto, com janelas para o rio Douro, talvez, hoje, Sábado de Março, as tuas tristes algas, algumas, não todas, mortas, como nós, como eles, e todas as palavras que escrevemos sentados num triste banco de jardim com ripas de madeira e mãos de alecrim, o cheiro, sentíamos o cheiro das palavras que deixamos morrer, e matamos

As palavras;

(amor, amo-te, paixão, desejo, beijos, carícia, abraço)

E tantas outras que matamos, como matamos os pássaros,

Enquanto ouvir os pássaros, percebo que estou vivo, e como não os oiço, percebo, entendo, pressinto

Que morri,

Ou

Que as tuas tristes algas... mentiam-nos, quando acordávamos pela manhã e depois de abrirmos a janela, ao longe, ao longe uma ponte de aço acenava-nos, ao longe, uma ponte de aço gritava-nos

Amava-vos, mas deixei de olhar o sol e o mar transformou-se na face de um cubo pintada de azul, e quase sempre estávamos de olhos vendados, como todas as rochas dos rios com algas mentirosas...

(Lembravas-me o vento quando eu sobrevoava as tendas de lona das casas sem literatura, e que fizeste concretamente? Nada,

Nada,

Como sempre, eu, tu, dois veleiros num cais de cimento com luzinhas que ao longe se transformavam em pontinhos, em círculos, em

Em

E tu

Que fizeste concretamente?)

E nunca mais tivemos sossego como o homem com cabeça de palha.

 

(ficção não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

 

P.S.

Tinhas nos seios as sílabas que construíam as palavras mais belas do planalto onde habitávamos e nos escondíamos, tinhas no peito uma janela onde vivia um coração, e dessa janela, víamos os triângulos de areia que Deus deixava sobre as plantas carnívoras que brincavam no nosso quintal de cartolina e lápis de cor, e mesmo assim, que tudo tínhamos, deixamos morrer as palavras mais importantes de nós; E hoje, Sábado de Março, apenas comunicamos através de números e equações matemáticas complexas, feias e distantes...

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:37

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