Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

15
Jan 15

Pintura_61_A1_Nova.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

A mentira dos homens

mergulhada na falsa memória,

a solidão das palavras,

escritas e semeadas,

nos longínquos corredores da insónia,

o imperfeito corpo do espelho que alimenta a paixão...

em pedaços,

tão pequeninos... como grãos de areia em pleno voo matinal,

as telas amordaçadas que habitam a minha casa, ardem,

sinto o fumo de néon quando pego numa caneta,

tenho uma carta para escrever...

mas,

 

mas mergulho na falsa memória,

sem destinatário,

sem remetente...

tão sós...

o subscrito,

e a folha de papel oferecida por um pindérico pássaro de cigarro nos lábios...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:18

15
Ago 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Sentíamos o peso invisível da morte sobre o esqueleto verde das amoreiras em flor, tínhamos acabado de conhecer o Artur, num daqueles bares onde bebíamos..., e ao outro dia, já o bar tinha desaparecido de nós, vivíamos desesperados como duas raízes escondidas nas profundezas, enganas-te a ti mesma, inventas personagens, algumas, sem o sabres, vestes-las de perfume mentira, outras, enterras-las nas cavernas doirados das coxas rosa púrpura,

Sabíamos-lo,

E não fizemos nada para terminar o sofrimento dele,

Havia uma lanterna que basicamente nos servia para...

Afugentar as mentiras, minhas?

Sim, embriago o Artur encostado ao balcão de mármores com um livro em granito onde algumas palavras brincavam às escondidas,

“Aqui Jaz Artur Prior”, e nada mais do que isso,

Mentiras que eu entendo, que eu descubro e fico calado, cabisbaixo, envenenado pelas árvores com as pequenas folhas comestíveis, e bebíamos, e fazíamos como se de dois corpos suspensos na madrugada se tratasse, e não o éramos, porque há muito que deixamos de ser corpos, hoje somos caules brincalhões, balões de naftalina,

Porquê, Artur?

Não sei, sei... meu querido...

Porquê, quê?

Sabíamos-lo,

E não fizemos nada para terminar o sofrimento dele,

Havia uma lanterna que basicamente nos servia para...

Afugentar as mentiras, minhas? E devíamos estar loucos, tu, e eu, porque de nada havia para ancorar ao porto de embarque, perdi a âncora, abandonei as cordas de nylon, e travesti-me de petroleiro desgovernado, só, felizmente...

Só?

Porquê, Porquê... Artur Prior?

Porque tínhamos descoberto a verdade, porque tínhamos encontrado o carrossel do Amor, todo ele em oiro maciço e comestíveis os cavalos, estes em algodão doce, porque, meu amor, tínhamos descoberto o bar onde éramos verdadeiramente... felizes,

Só?

Só... e nada mais do que isso,

Tínhamos acabado de conhecer a manhã, e havia uma estranha lanterna, uma lanterna que detectava as tuas, as minhas mentiras, que tu me inventavas, e quando me dizias que eu era

Sabíamos-lo,

E não fizemos nada para terminar o sofrimento dele,

Havia uma lanterna que basicamente nos servia para...

E era, e sempre fui, um fútil e medíocre livro de granito onde alguém escreveu

“Aqui Jaz... Artur Prior”

E

Nada

Só?

Não, nada e nada mais do que isso, meu querido, e apenas, só, tínhamos acabado de conhecer a manhã, e havia uma estranha lanterna, uma lanterna que detectava as tuas, as minhas mentiras, que tu me inventavas, e quando me dizias que eu era feliz, eu acreditava que

Eu era feliz,

E quando me dizias que eu era um livro em granito, eu acreditava que

Eu sou um livro em granito, meu querido, granito com bolinhas encarnadas,

E acreditava,

E deixamos de acreditar porque sentíamos o peso invisível da morte sobre o esqueleto verde das amoreiras em flor, tínhamos acabado de conhecer o Artur, num daqueles bares onde bebíamos...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 15 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:27

31
Ago 12
publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:02

26
Ago 11

É mentira

Gente que me mente

Toda a gente,

 

O mar não existe

O céu e as estrelas não existem

E a lua

A lua é quadrada

Não existem árvores

E os pássaros são mentira,

 

É mentira

Gente que me mente

Toda a gente,

 

E que nunca estive em Luanda

Nunca nunca brinquei em Luanda

Luanda não existe

Os barcos são mentira

E os papagaios de papel

São sombras,

 

É mentira

Gente que me mente

Toda a gente,

 

Eu não sou Francisco Luís

Nem tão pouco Rodrigues Fontinha

Que ideia…é mentira

Eu sou mentira

Não existo e nunca existi

E tão pouco sei voar,

 

É mentira

Gente que me mente

Toda a gente,

 

E antes de adormecer

Olho o teto e vejo a mentira

Vejo estrelas a brilhar

E um corpo a sofrer…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:02

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