Escondo-me na solidão
De vales e montanhas
E junto ao rio
Sento-me no xisto abandonado
Poiso a mão sobre a água
E faço desenhos
Pinto os teus lábios
Com sabor a amêndoa
Escondo-me na solidão
De vales e montanhas
O meu corpo emagrece
Fica minúsculo
E na penumbra
Desaparece
Construo relógios nos teus olhos
E nunca consigo saber as horas
Perco-me nos minutos passados
E no rio atiro a minha sombra
Finjo-me morto
Afogado.
Luís Fontinha
30 de Abril de 2011
Alijó