No muro dos silêncios
A minha mão à procura de um buraco
Uma fenda uma nuvem
Pendurada na janela
No muro dos silêncios
Poiso durante a noite
A minha cabeça sem olhos…
E nos meus olhos a chuva da manhã
A tempestade das oito horas
Que procura na areia
O muro dos silêncios
Junto ao mar
Junto a uma sepultura de dor
Que me vai cobrir de sorrisos
Quando me olham
E me dizem que a manhã não existe
Amanhã uma mentira
Para me entreter
Para que nos meus olhos
A chuva não chuva…
Grãos de areia que se suspendem
Nas cordas que me prendem ao cais
Que me seguram quando na parede da sala
Um relógio tal como a manhã em mentira
E não oito horas
E não relógio…
E não manhã
Ou chuva
Andam a mentir-me desde que nasci.
Luís Fontinha
20 de Maio de 2011
Alijó