Pego nos teus bracinhos
E saboreio a cânfora das manhãs de primavera
Entalo-me nas frestas do meu quarto
Quando a luz se acende só para mim
Hoje eu com sono
Pregado ao tecto de cabeça para baixo
Espreito pelas frestas
E a minha sombra poisa sobre a mesinha de cabeceira
Muito arrumadinho
Quietinho como se fosse um relógio de parede
Esquecido na poeira das tardes quando pela janela
Entra o mar
E das suas ondas os teus bracinhos
Que me incendeiam os olhos
E nos meus lábios deixam a secura do deserto…
Hoje eu com sono
Hoje eu com sono pregado no tecto
E de cabeça para baixo
Uma parte de mim entalada nas frestas
A outra metade escondida no guarda-fatos
Debaixo da almofada
Pego nos teus bracinhos
E saboreio a cânfora das manhãs de primavera
E hoje sim hoje eu com sono…
Luís Fontinha
27 de Abril de 2011
Alijó