Desenho o círculo, o quadrado e o triângulo, nos teus lábios de papel quadriculado,
Escrevo-te enquanto brincas na chuva, como uma criança mimada,
Tenho pena dos jardins e das flores,
Quando me sinto abandonado,
Pela tempestade, quando acorda a madrugada,
Na sanzala dos amores.
Leio-te.
Todas as palavras escritas no teu corpo de cerâmica, e na tua pele, o perfume do silêncio amargurado,
Leio-te, como se fosses um livro de poesia,
Quando o poeta está triste,
Com heresia,
Na chuvinha que não resiste,
Ao beijo da alvorada.
Sinto a paixão das palavras no meu corpo cansado.
Desenho o círculo, o quadrado e o triângulo, nos teus lábios de papel quadriculado,
Percorro socalcos,
Pego no xisto,
Sei que existo,
Porque dos teus lábios, brotam a neblina da loucura,
Na cidade, encontro-me encurralado,
Como uma arma de fogo, uma navalha… apontada ao Sol,
E, no entanto, gosto das nuvens de algodão.
Tenho na mão o fogo do amor,
As luvas da paixão,
Tenho na mão a dor,
Quando a espada se entranha no chão.
O círculo,
O quadrado,
O triângulo…
Todos.
Apaixonados.
Todos.
Cansados.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
09/04/2019