Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

o desespero da sorte

quando o furacão do infinito se entranha na morte

come-a e vêem-se e vêm-se as limalhas do silêncio à mão da solidão

a tristeza é uma palavra esquisita uma palavra incerta uma palavra sem coração

que habita nos corpos sãos e nos esqueletos invisíveis dos horários relógios enlouquecidos

o desespero da sorte

a sorte porque se desespera a vida

inventando noites frias

e rouquidão como companhia...

o dia

alicerça-se à retroversão dos comboios em movimento

morre-se e leva-nos o vento

 

a palavra tristeza

engasga-se nas ardósias tardes do xisto com portas de aço

o castigo aparece

e o corpo aloca-se na encosta da montanha vulcânica do cemitério da poesia...

farto-me

canso-me

findo-me... como o desespero da sorte...

...não tendo sorte (diz-me ele)

 

habito neste triste cubo de vidro

sou um aquário aquariano vestido de rio

sou uma ponte que engata gaivotas

ou... um lindo vestido negro que engata cigarros apaixonados

tontos e viciados

embriagados como os pássaros que poisam nos teus ombros

como a palavra tristeza...

alegre quando é de noite

e feia e velha... quando a lareira acesa se abraça ao fumo das campânulas envidraçadas

têm olhos de papel

têm e vêm acompanhadas de pulseiras em prata

como os coiratos da roulote da tia Adosinda...

 

(a esta “merda” uns chamam de vida

outros... de... não ter sorte...

… eu... eu chamo-lhe de morte...

porque a morte é uma tristeza sem sorte...

… é um rio sem vida)

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:52

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