Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

01
Dez 18

A navalha suspensa no pescoço da saudade, o terrível ausentado sentado na cadeira do barbeiro, o silêncio da espuma de barbear esvoaçando pelos jardins do sofrimento, adoro o Outono, diz ele reflectindo os lábios em suspiros no espelho,

- É o penúltimo andar do edifício do amor,

O ouro liquefeito escorrendo-lhe entre os dedos queimados pelo cigarro, não dorme, e, em lágrimas, recorda a solidão das tardes perdidas, lá fora está frio, o sussurro da alma descendo a montanha, velozmente, sente, na garganta,

- Ai Sr. José, cuidado com a navalha,

O Sr. José, diplomado desde 1835 em navalhas,

- Sabe, tenho fome, sede, saudade das sombras e dos pinheiros mansos, e, mesmo assim, deixei de escrever,

Navalhas duplas, triplas, circulares, quadrangulares e outras,

- Já faço isto à muito tempo, Sr. Francisco…

A noite é fria, a casa está escura, e, quando abro os olhos vejo as pirâmides do Egipto flutuando no tecto da sala, corro, desço as escadas até ao rés-do-chão, e, nada, absolutamente nada,

- É o que faz ser poeta, Sr. Francisco,

Os poemas matam-me, sofro, e, choro, escrevo cartas que nunca envio, tristezas e desabafos alucinados pelo luar,

- Vamos cortar o cabelo?

Pelo luar, o eterno abraço, o beijo enfeitiçado, como as velhas folhas de papel amarrotado onde escrevia, respondo-lhe que não, cabelo não,

- O Sr. É que sabe,

Abro a janela, um lenço de suicídio desce à velocidade de nove virgula oito segundo quadrados, aterra no pavimento, e, nada, deixou de respira, está moribundo, e tem na mão o esqueleto da insónia,

- Está novo, Sr. Francisco,

E depois da insónia regressam as lágrimas, e depois das lágrimas regressam as madrugadas sem ninguém…

- Tenha uma feliz noite, Sr. Francisco,

Dou um aperto de mão ao Sr. José pelo poema que me desenhou no rosto, e, vou jantar…

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 1 de Dezembro de 2018

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:09

10
Mai 16

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Dia 11 de Junho pelas 17:00 horas

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:48

23
Abr 16

Os poemas perdidos, a noite incendeia a solidão do corpo enquanto lá fora o silêncio da morte acorda os pedestres rochedos da insónia.

Desço às profundezas do rio, toco na sua boca como se alguém me empurrasse para a escuridão, feliz aquele que vive só, sem ninguém,

Os poemas perdidos que invadem a tarde junto ao mar, lá longe, os sifilíticos segredos da esperança, perdidos, as palavras, os sons e a melódica tempestade dos guizos,

Perdidos.

Os poemas na minha mão caminhando sobre as areias finas do desejo,

Invento crianças que brincam nos quintais de espuma,

Marés de incenso sobre a secretária desarrumada,

Milímetros quadrados de nada, de ninguém, que só os muros da geada conseguem atravessar, tenho pena do coração da Primavera; triste.

Como eu,

Triste

Nos poemas perdidos,

Amanhã renascerá uma estrela no meu peito e o meu corpo transformar-se-á em lâminas de prazer, amanhã terei os poemas perdidos fora do livro, esqueléticos casebres das montanhas de neblina, rios que invadem a cidade e trazem a morte, dos poemas, e dos livros com poemas,

Triste,

Os poemas perdidos quando incendeiam os dedos amachucados pelos cigarros em despedida,

As fotografias dentro de uma caixa de cartão à espera de serem resgatadas pelas palavras dos poemas perdidos, sem ninguém, procuro nela o meu rosto de infância, imagino-me a olhar os barcos entre apitos e partidas, e o medo absorve-me…

Deixo de ver a cidade, dou-me conta em pleno Oceano, sinto o cheiro das gaivotas percorrendo os trilhos do sono, e dos poemas perdidos…

O sangue que corre nas minhas veias, os dias iguais às noites, as noites iguais às sílabas de luar quando olho pelo camarote um finíssimo fio de nylon que me acompanha até ao meu regresso,

Despeço-me dos poemas perdidos,

Despeço-me da aldeia onde nasci e abraço uma Lisboa camuflada pelas âncoras do Tejo, os caixotes em madeira presos aos meus pés, sem nada, apenas tarecos, apenas pequeníssimas coisas sem nexo,

Os poemas perdidos,

Despeço-me,

Deles, delas…

 

Sem perceber que os poemas perdidos nunca existiram em mim.

 

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 23 de Abril de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:30

09
Abr 16

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Poemas perdidos - 10,90€

 

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Poemas para ninguém - 11,00€

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:23

28
Fev 16

Não me peças para viver sem a tua presença,

Não me peças para imprimir a tua presença na minha mão,

Que de todas as ausências, mentem, são tristes, comoventes…

Não me peças para te amar…

Porque nunca te vou amar,

Beijar-te

E abraçar-te,

Não me peças para ser um ausente

E inanimado miúdo de calções transparentes,

Finjo,

Fujo

Das tuas garras,

Sou a montanha sem cume,

O penhasco da desilusão,

Não me peças

Amor

Carinho

E presença,

Sou um esquilo, tranquilo, mas ausente,

Nas fanfarras de Verão,

Nas aldeias no Inverno,

No cimento embriagado pelo silêncio,

Deito-me em ti,

Durmo nos teus lençóis de linho,

E mesmo assim,

Não te amo…

 

Francisco Luís Fontinha

Domingo, 28 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:57

18
Fev 16

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“Poemas Perdidos”
Formato: 16 cm x 23,50 cm
ISBN: 978-989-680-167-0 / Data de Publicação: Fevereiro de 2016
PVP: 10,90 euros / Encomendas: fontinha_francisco@sapo.pt

Envio à cobrança.

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:13

08
Fev 16

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“Poemas Perdidos”

Formato: 16 cm x 23,50 cm

ISBN: 978-989-680-167-0

Data de Publicação: Fevereiro de 2016

PVP: 10,90 euros

Encomendas: fontinha_francisco@sapo.pt

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:11

28
Jan 16

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publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:10

21
Jan 16

Capa 265 EdoC Poemas Perdidos.jpg

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:28

22
Out 15

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http://www.pastelariastudios.com/livros.html?category=new

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:47

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