Recuso-me a sair da cama, hoje não, recuso-me a sair da cama e olhar a tristeza do meu jardim. E apenas uma parva de uma bananeira me dá atenção, as roseiras tristes, as roseiras só com espinhos, e hoje recuso-me a sair da cama.
As paredes do meu quarto em lágrimas e do sorriso que nelas abunda um pássaro sem asas deita-se na minha mão, sacode-se, e acaba por defecar-se, sorrio e cubro-me com as mantas esquecidas da noite, e hoje não, hoje não saio da cama.
Hoje apetece-me portar mal e não tenho com quem, hoje apetece-me não sair da cama e atirar pedras aos vidros da minha janela, trazer o cão para o quarto e ensiná-lo a ler, e ensiná-lo a escrever, e ensiná-lo a fazer contas…
Recuso-me a sair da cama, hoje não.
FLRF
28 de Março de 2011
Alijó