Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Ago 15

desenho_26_08_2015.jpg

(Francisco Luís Fontinha – Agosto/2015)

 

Conheci-te numa noite de aniversário,

Percebi que havia uma janela no teu sorriso

E uma clarabóia no teu olhar,

Depois… depois perdi-me nesta cidade apaixonada,

Vesti copos de uísque,

Bebi vestidos de chita,

Fumei poemas junto aos teus seios,

Mergulhava na plataforma irracional dos teus braços,

Escrevia nos teu beijos as palavras que nunca consegui escrever no papel amarrotado,

Desenhava no meu espelho as gotículas ínfimas do teu suor,

Afagante desejo,

Descerrava a porta dos teus cabelos,

 

Lapidava as tuas coxas no meu silêncio…

E acordava junto aos teus lábios,

 

Tão feliz… tão feliz meu amor,

 

Este poema sem nome,

Ouvindo a tua voz esquecida dentro de um livro,

Agachada na madrugada,

Este poema pobre,

Mendigo…

É a réstia das carícias fabricadas dentro de um rio,

Esquecia-me de ti, meu amor,

Sonhava com melódicos sons que apenas a morte sabe descrever,

O último grito,

Gemido…

A dor

Do teu prazer.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 26 de Agosto de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:23

18
Abr 15

O amor é uma lâmina de pedra

Cravada no coração

É o pedestal sem estátua

O amor é a lágrima da solidão

Descendo docemente o teu corpo

Enrola-se nos teus seios

Poisa pausadamente nas tuas coxas

E dorme no teu ventre

Crescem dentro de ti as palavras

E os Oceanos de Luz

Corre o rio da insónia

Que a noite leva

E come

Nas cidades sem pálpebras

O sangue

O teu

Voando em todas as Primaveras

Do calendário da paixão

Alicerça-se à tua boca

Como sargaços de aço

Em morte lenta

Junto ao barco do destino

A madrugada incendiada

Pelos teus lábios de inocência

Como os livros que nunca vou escrever

Uma noite

É o amor nocturno sem vagar para abrir as comportas dos líquidos sonoros do teu púbis

A janela sem cortinado

Lá fora

As miúdas de palha de patins em linha

Danças

Sobre a cama

Suspendes-te no tecto da saudade

Sem ter tempo para a saudade

Uma noite

O amor

Não tem saudade

É o volátil cansaço dos jardins em flor

Os tentáculos de marfim

Nos dentes de um crocodilo

Velho

Uma noite

Alicerça-se à tua boca

Como sargaços de aço

Em morte lenta

Os tristes poemas da amargura

O cais em engate

Como às cordas do silêncio

No pescoço da alvorada

No teu corpo

O corpo

Do cacimbo embriagado

Na tua mão

A enxada da poesia

E o medo toma conta de nós

Não percebo os segredos proibidos

Das clarabóias do infinito

Vejo no teu corpo

A lua recheada de poeira

Ao centro

Sobre a mesa

O teu corpo

Despido das pétalas em cartolina colorida

A sombra do teu cabelo deitada na almofada

O primeiro beijo antes da primeira palavra

(O amor é uma lâmina de pedra

Cravada no coração

É o pedestal sem estátua

O amor é a lágrima da solidão

Descendo docemente o teu corpo

Enrola-se nos teus seios

Poisa pausadamente nas tuas coxas

E dorme no teu ventre)

A primeira palavra

Antes do primeiro orgasmo

A sílaba no teu primeiro poema

Escrito no meu corpo

Ensanguentado de veludo

E de fotografias de mortos

Aleatoriamente dormindo na montanha da melancolia

A ardósia tarde partindo em direcção ao mar

Leva-te

Leva-te como são levadas todas as manhãs da minha secretária

O teu corpo

No meu corpo

Invisíveis marés de espuma

O sémen desenhando círculos no teu olhar

E dizem-nos que o impossível

É possível

É comestível

E no entanto

O amor é uma lâmina de pedra

Cravada no coração…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:16

Hoje

Conversei com a noite

Como estás?

Há tanto tempo que não te via…

Estou

Aqui

Estou bem

Obrigado

Percebo que o amor

É um poema de “merda”

Amar é sofrer

Preferia resolver

 

Equações complexas

Davam-me mais prazer

E não tinha medo de perder…

Aquilo que nunca tive

Regressar a ti

Aos teus braços de constelação apaixonada

A essência dos delírios em Cais do Sodré

Não é

Meu amor

O passado

Uma fotografia do futuro?

O amor é orgasmo

 

(li hoje num poema de uma amiga)

O amor é orgasmo

É silêncio

Na boca da esperança

Perdia-a

Perdi-me

Nas tuas avenidas

De luz

Com pontes

As matrizes

Deambulando nos teus seios

Os dardos do sofrimento

 

Todos

Eles

No meu peito de granito

Perdi as lágrimas

E o futuro

Vivo

Acreditando que não vivo

Escrevo

Mas sei que não escrevo

Tenho medo

Daquilo que os outros pensam

É maluquinho…

 

Poemas de amor…

Já ninguém os escreve

Há nas ruas da minha solidão

O fantasma da velhice

Acordar

E

Deitar

Só…

Os alfinetes da saudade

Imaginados

Nas nádegas dos orgasmos invisíveis…

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

 

Os cortinados envenenados pela paixão

Meu amor

Nas nádegas o sorriso da censura

Nada espero de ti

Porque nunca esperei nada

De nada

Apenas dos orgasmos meu amor

Das palavras

Entre palavras

Dois corpos de palavras

O amor

Os solitários

 

Os beijos desenhados nas cancelas da madrugada

Não encontra o número do cubículo

Procura na algibeira as chaves do púbis enganado

Ele

Desempregado

Das palavras

Entre palavras

Gemidos

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

E a vida termina…

Numa ruela

Sem… sem saída.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:25

13
Abr 15

Gostava de escrever um poema

No

Teu corpo

Meu amor

O demorado segredo

Das

Tuas

Coxas de xisto

Entranhadas no Douro mágico

Enigmático

Como as minhas palavras

O desassossego

 

As palavras envenenadas pelos teus lábios de açúcar

Que a tempestade absorve

Não durmo

Meu amor

Com a tua ausência

E não sei quem és

E se existes

Em mim

Os carris da insónia

O comboio da noite levando-me para os teus braços

Mas…

Mas tu não existes

 

Meu amor

Pelo menos

Eu

Desconheço a tua presença

Gostava de escrever um poema

No

Teu corpo

Meu amor

Coma a caneta da saudade

O camuflado silêncio

No teu púbis

E sei que amanhã

 

Percebo a tua não existência

A vida

A morte

A vida e a morte

Entre parêntesis

Paragrafo

Travessão

Ponto final

A tua imagem de sílaba embriagada

Amanhã

Meu amor

As janelas da felicidade

 

Abertas

Entra-nos a madrugada

E os filhos da alvorada

Sentimos no peito

A tempestade

Do sorriso

A loucura

E a Torre de Belém

Dentro da minha algibeira

Gostava de escrever um poema

No

Teu corpo

 

Meu amor

Com o sémen literário do meu desgosto

A geometria invade-nos

Como nos invadiam as integrais triplas do desejo

A derivada do cosseno

A integral da cotangente

Sem ninguém

À vezes

O terceiro esquerdo

Drogado pelas cidades de esponja

E dos bonecos de palha

A matemática do teu corpo

 

Embrulhada

Em

Mim

A ardósia da incerteza

Tenho medo

Meu amor

Que o teu corpo seja uma jangada

E me leve

Até lá

Longe

De ti

De mim

 

De todos

Sabia que o dia acordaria limpo

Insignificante

Os dias

Meus

Meu amor

Não percebes que as cidades

As minhas cidades

São…

São crateras do poema enferrujado

As gaivotas em ti

Meu amor

 

O corpo

E o corpo

Ouvem-me?

A desilusão de amar

O não amado

O marco geodésico da madrugada

Descendo a Calçada

Sentando-se no rio

A desenhar matraquilhos…

No pavimento cinematográfico das cordas de vinil

Sem o saber

O mar dentro de minha casa.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 13 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:16

11
Abr 15

Não sei

Meu amor

Porque poisam em mim as estória de luz

Às vezes amo-te

Não desconheço se tu

És

Um livro, um poema, uma imagem ou um triciclo em madeira

Poderias ser o regressar ao ponto de partida

Luanda

Mil novecentos e sessenta e seis

Número três

Vila Alice

 

Os berros e os espirros dos automóveis pôr-do-sol

A naftalina do olhar

Na gaveta do sexo

Imagino o teu corpo

Meu amor

Um odor de palavras

Inseminadas por uma caneta de tinta permanente

Permanente

Eu

Aqui

Nesta

Vida de “merda”

 

Nunca

Meu amor

Quis

Nunca meu amor

Quis ser poeta

Sei que não o sou

Nem serei

E nem quero

A paixão da alma

Na fala desenhada

Pela mão do murmúrio

A aldeia em chamas

 

E os transeuntes

Entre estradas de gelo

E bermas de cansaço

Não

Meu amor

Não existem noites coloridas

Em sapatos em verniz

Bicudos

As calças embrulhadas nos tornozelos

E os ossos embalsamados

Alimentava-me dos teus lábios

Meu amor

 

Perdi

Tudo

A imagem da tridimensional alegria

Hoje

Sou

Um

Gajo

Triste

E tímido

Como as andorinhas da tua casa

Os torrões de açúcar dos melancólicos teus seios

Sou

 

Um

Gajo

Triste

E tímido

Hoje

As equações dormindo debaixo da cama

(o gajo está apaixonado)

Os palermas acreditando que

Amanhã

Um

Gajo

Tímido

 

Tão cinzento

Como a própria noite

Sem vaidade

Número de polícia

Ou

Ou cidade

As máquinas assassinam

O dormitório do prazer

A cama

Meu amor

Desfeita

Em aventuras de algodão

 

E

Não

Não pertenço aos teus símbolos de sombra

Deixei de ter janelas

E portas

A minha casa

Sem

Telhado

Sem

Meu amor

Não

Não esta triste cidade

 

Sem shots de tristeza

Ou

Sexo

Barato

Sabes

Meu amor?

A inveja é uma chávena de café-com-leite

E torradas

A neblina invade

Os

Teus olhos

A neblina invade os teus olhos

 

Entre cartas e telegramas

Mãe?

Sim

Meu amor

Fui

Assaltado

Stop

Envia

Dinheiro

Ok

Beijo

Não meu amor

 

Não sei a cor dos teus olhos

Nem da tua pele

Não

Não meu amor

Amanhã é sábado

E não sei se te amo…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 11 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:17

09
Abr 15

A ferocidade do teu corpo

O destino mal calculado

O erro equacional dos orgasmos invisíveis

Sofrimento

Meu amor

Subir as escadas

Chorar

No corredor

Sentar-me na sombra dos cabelos

Perdidos

Nunca mais voltarão a brincar no silêncio

Os teus beijos

 

Embrulhados na clandestina manhã

O sofrimento

Meu amor

Os corredores

Um… um horror

Marés de líquido

Nas tuas veias

Rios

Mares

Salgados barcos

Nos sonhos do teu sonho

Navegar

 

O sofrimento

Meu amor

Navegar nas sílabas da tua boca

Quando caí a noite sobre Lisboa

Os anzóis do sofrimento

Sofrimento

Meu

Amor

Navegar nas tuas nádegas

O comboio escondido entre as urbes embalsamadas

Não me vou perder

Juro

 

Meu amor

Os jornais empilhados junto à lareira

O som melódico do poema

Deitando-se nas labaredas da insónia

Sabes

Meu

Amor

Amanhã serei um vagabundo

Um triste cadáver

Sem palavras

Mudo

Sem braços nem canetas

 

Fujo das tuas garras lunares

Porque sei que amanhã

Meu amor

O poema terá morrido de overdose

Os triângulos das tardes

Na ceara dos lírios

Não quero

Meu amor

Caminhar sobre esta eira de luz

E ouvir

Ao longe

O sino

 

Vê tu

Meu amor

Ao longe

O sino

Vagueando no teu púbis…

Quero o retracto do teu corpo em vinil

Tatuado com Wordsong…

Tento ouvir as arestas da geometria

E da tua pele

O endereço do paraíso…

Em shots

E shots.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 9 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:49

04
Abr 15

A barca desgraçada

Recusa-se a regressar

Inventa palavras

Desenha gemidos nas pedras

Vãs

E cansadas

A barca

Não

Sabe

O horário da morte

Finge dormir debaixo de uma lápide

De espuma

Canta a cidade

Os húmidos sorrisos da madrugada

A barca

Desgraçada

Recusa-se

Regressar

Aos teus braços

Ao teu corpo

Noite

Cama

A janela enclausurada nas tuas mãos

Mão

De veludo

As cabeças dos ventrículos de vidro

Nas fretas da insónia

Há sonhos

Há… há um esconderijo no teu peito

Os olhos te prendem

E não consegues liberta o sofrimento

Adeus

Ontem

A mão

De veludo

Recusa-se

A beijar-me

O vício curvilíneo dos telhados de zinco

As crianças lançando bolas de farrapos

Em chamas

Balas

A espingarda do silêncio

PUM…

Nas camufladas salas de jantar

O cadeirão sem pressa para descansar

Cerra os prateados ombros

Deita-se

Deita-se nas linhas transversais do infinito

Não

Espero

Nada

Teu

Olhos

Mãos

Mão

Não

Suicídio nas tuas coxas

A claridade dilui-se docemente na tua boca

Finas

Cores

Da tela em supérfluas marés de medo

O sono

E a alma de não ter alma

Desamadas

As flores do jardim do último beijo

A última carícia do teu perfume

As calças de ganga

Sentadas no cadeirão em fuga

E depois de terminarem os cigarros

Nada

Hoje

Finjo e fujo

Saltando o muro dos teus lábios…

E nos teus lábios

STOP

O vermelho semáforo envenenado na tua pele

Os pregos

Os sítios obscuros do teu corpo

Dançam e cantam

Hoje

Não

Mão

Mãos…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 4 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:11

31
Mar 15

As línguas abraçadas no céu-da-boca

A chuva argamassada contra o silêncio nocturno

Em redor de dois corpos invisíveis

O prazer nas palavras

Saltitam enquanto folheamos um livro sofrido

Em lágrimas

Da morte inanimada

O Sol embrulhado dentro de quatro paredes

O tecto desce

Desce…

E tomba no pavimento lamacento de um dos corpos

O fim da tarde evapora-se

Nos lábios de um cigarro

Negro

Noite

Sombrio

Como os pássaros da minha aldeia

Subo aos teus cabelos

E sento-me nas avenidas envernizadas da madrugada

A cidade cresce

Os automóveis enfurecidos

Em raiva

Como os cães selvagens

Montanha abaixo

A ribeira espera-os

Como visitantes insignificantes

O sexo suspenso nos cortinados do desejo

Os gemidos

E as sílabas da saudade

Há no teu corpo

Vapor de água

E cristais de prata

A imagem das tuas coxas em finas lâminas de desassossego

O mar

O mar dentro de ti

Construindo marés de esferovite

E alguns sorrisos apaixonados pelo sono

Perdi-me neste tempo infinito

Quando ainda existiam equações de areia

No quadriculado olhar

Hoje

Sou uma caneta avariada

Que deixou de escrever palavras

Que…

Que tem uma lápide sobre a secretária

E uma fotografia

Húmidas vogais

Agarradas às escadas da paixão

Sem saberem que a morte

Não é a morte

Que o medo

Não é… o medo

Voar

Sofrer enquanto caminho sobre um arame

(sempre quis ser trapezista)

Artista de circo

Palhaço

Andante…

Sem nome

Quando acordo e sinto que estou vivo

A praia parece a eira de Carvalhais

Graníticas espigas de cio

Nas frestas do sonho

Oiço o sino da Igreja

Quase a desfalecer

Tensão alta

(dizem)

E nos teus cabelos

As luas de Saturno

Envergonhadas

E Titã…

Entre beijos e poeira…

  

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 31 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:17

29
Mar 15

Este beijo de pérola adormecida

Fingindo habitar numa ilha

Os lábios cessam nos murais do sofrimento

O silêncio agarra-se aos tentáculos do desejo

As imagens da escuridão

Desenhadas nas minhas mãos

O vulcão da insónia

Não regressando mais

Como uma folha

Caída do habitáculo tridimensional

A parede perfeita

Escrita entre o orgasmo inventado

 

E o poema perdido

Esquecido nos teus seios geométricos

Quando da ardósia

Um círculo de nada

Morre

E fala

As palavras amadurecidas

Sem nome

Sem medida

O derramado húmus da tristeza

Quando o sémen de prata

Invade a melancolia

 

Nasce o dia

Cresce nas tuas coxas de silício

A penumbra pintura do adeus

Enigmático

Dizem elas quando lêem na minha algibeira sem profissão

O significado do amor

Apaixonado

Não

A bala de sabão contra a minha camisola

A gripe

O profanar

Das flores de papel

 

Que o texto ilumina

Ele é louco

(Dizem elas quando lêem na minha algibeira sem profissão)

Tristes

Meu amor

As canções abraçado a ti

Os poemas escritos nos lençóis humedecidos

A chuva alimenta o teu cadáver

O teu corpo escondido no meu coração

Os teus uivos

As tuas raras mãos

Abraçando-me

 

Alimentando-me

Como Deus

Ao deitar

Meu amor

Sem palavras

Sem livros

Sabes que morro

Sabes que grito

A viagem

O não regressar aos teus ombros

Não amar-te

Quando te amo

 

O medo

Da fala

Dos cigarros.

A alma

Minha

Penhorada por um quarto de pensão

A queca química

Entre dois ponteiros do relógio do avô

Tão bom

Meu amor

Tão bom

Meu amor.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 29 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:59

02
Mar 15

Acrílico 50x60_2.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Podíamos ancorar as estes versos, permanecermos impávidos das celestes lágrimas do Universo, Saudade? Caminhei, sentei-me sobre as quatro sombras da preguiça, sofri, sonhei, aprendi que o amor é um cubículo sem janelas,

Junto ao mar,

É tão lindo, o mar, mãe...

Os barcos e as jangadas de silêncio, os embriagados corpos dançando no texto, encerra-se o livro, e morre o escritor,

Um poema...

Palavras, sons, imagens, barcos, marés... sucata amaldiçoada pela fresta do luar, a astronomia e a matemática, dormem, saciam-se nas metáforas da insónia, corpos, nus, entre eles... o sexo desenhado em cada esquina, a porta do quarto rangia, gemia, e sabíamos que ninguém nos ouvia,

Orgia?

De palavras e de poesia,

Um poema?

Negro, opaco, sem corpo nem cabelo, morto, fictício... mas pouco, pouco, como os dias à tua espera...

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:36

Agosto 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
12
13
14
15

16
17
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO